Milhares de pessoas circulam diariamente pela avenida Ipiranga, uma das principais vias de Porto Alegre, e passam incólumes ao lado do arroio Dilúvio, sem se darem conta de que ele é um elemento importante na paisagem da cidade. Mas nem sempre foi assim. Antes da canalização, havia uma integração do arroio no cotidiano, principalmente nos bairros Azenha e Cidade Baixa, na antiga ilhota. Todo esse resgate foi apurado pelos fotógrafos Eduardo Seidl e Flávia de Quadros, e pelo artista Gustavo Souza, que registram em desenhos, vídeos e fotos de suas caminhadas pelos 17,6 mil metros de margem do Dilúvio, da sua foz no Praia de Belas até as nascentes no Parque Saint Hilaire em Viamão.

 

Para poder custear a exposição Travessia do Dilúvio, prevista para ocorrer no próximo mês de outubro, no Planetário da UFRGS, eles precisam angariar fundos via financiamento coletivo.

 

As contribuições para o projeto podem ser feitas na plataforma Kickante, através do link bit.ly/diluviokickante, e é possível doar de R$ 10,00 a R$ 450,00. A campanha oferece recompensas de certificado de patrocínio, cópias assinadas das fotografias e desenhos. Em 30 dias, já foram arrecadados R$ 1.220,00, equivalentes a 82% da meta inicial.

 

Além das imagens, a recompensa do patrocínio inclui uma caminhada guiada e uma oficina ministrada pelos três autores. O objetivo é destacar a importância do arroio e dar visibilidade a este patrimônio natural da capital gaúcha, usado basicamente como local de descarte. As pontes de Pedra e da Azenha, por exemplo, não eram apenas monumentos arquitetônicos, mas utilizadas como via de acesso e integração por quem passava por cima do arroio. “Podemos ver, nessa relação da cidade com o Dilúvio, que a nossa dependência da natureza para a vida humana no meio urbano, está esquecida”, destaca Flávia, idealizadora do projeto.

 

O olhar atento dos artistas durante as caminhadas revela que, embora seja tão importante para a vida da cidade e tão presente nos trajetos do dia a dia de muitos, o fato de o arroio ser ignorado pela população tem a ver também com sua própria arquitetura, que deixa a canalização afundada, abaixo do nível dos olhos. “Olhamos por cima do dilúvio e não para o Dilúvio”, lamenta Flávia. As imagens registradas pelos artistas querem justamente mostrar que a natureza não está apenas no meio rural e nas reservas, mas faz parte do nosso cotidiano e é fundamental à nossa sobrevivência.

 

Saiba mais sobre os artistas

  • Eduardo Seidl (@fototaxia) é fotojornalista, mestre em Comunicação Social pela Unisinos e professor de fotografia na Escola de Comunicação Artes e Design da PUCRS.

 

  • Flávia de Quadros (@flaviadquadros) é fotógrafa e artista visual com graduação em Jornalismo e Artes Visuais e Mestre em Artes Visuais pela UFRGS. Atualmente é professora de fotografia na Escola de Comunicação Artes e Design da PUCRS.

 

  • Gustavo Souza (@gutosza) é Designer e Artista Visual formado respectivamente na ULBRA e na UFRGS. Sua produção se concentra principalmente nas áreas de escultura e desenho.