Pela primeira vez na história dos 76 anos do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS (Sindjors), uma mulher negra assumirá a presidência. A jornalista Vera Daisy Barcellos foi eleita na eleição que se encerrou na noite da quinta-feira, 18/7, com 155 votos do total de 163 (3 brancos e 5 nulos). Este ano o pleito foi on-line desde a terça-feira, 16/7, e houve a proclamação da vitória da chapa única “Jornalistas na Resistência”.
A formação da chapa reservou algumas inovações. Pela primeira vez também, o grupo que assume a direção do Sindicato para o triênio 2019-2022 é composto por maioria de mulheres. São 16 mulheres de uma diretoria com 30 jornalistas. A posse da nova diretoria será em 1º de agosto.
Além de eleger a nova gestão do Sindicato, foi eleita também a Comissão Estadual de Ética. Os cinco jornalistas mais votados foram: Vera Spolidoro, Carlos Bastos, Celso Schröder, Gilmara Gil e José Antônio Silva.
Assim que saiu o resultado, pouco depois das 19h da quinta, a presidenta eleita exaltou a importância da presença das mulheres na direção. “Formamos um grupo em que as mulheres se apresentam como maioria absoluta. Isso vai fazer muita diferença”, assinalou Vera Daisy.
A eleita assume o Sindjors depois de uma jornada de sobrevivência por conta de inúmeros ataques aos direitos dos trabalhadores e aos sindicatos. Desde novembro de 2017, os jornalistas e toda a classe trabalhadora experimenta perdas de direitos, o que impõe inúmeros desafios.
“O fato de eu ser uma das primeiras mulheres negras a assumir uma entidade da expressão como é o nosso Sindicato significa um grande senso de responsabilidade. Vamos precisar de muita firmeza no enfrentamento a este momento que o país está passando em que a classe trabalhadora é penalizada com as mudanças que estão sendo feitas”, disse a presidenta, referindo-se à reforma da Previdência e medidas provisórias do governo Bolsonaro que atacam as finanças e sobrevivência dos sindicatos.
Para buscar superar a crise e os ataques aos sindicatos, a presidenta eleita sugere unidade. “Essa gestão não será feita de forma solitária. Sou uma mulher que, ao longo da minha militância, sempre soube dividir. Tenho a certeza absoluta que esse grupo que me chamou para trabalhar saberá enfrentar os tempos difíceis”, salientou.
“Não será na luta do eu sozinha”
Depois de um período de vários anos de dificuldades financeiras do Sindicato, a palavra resistência ganhou o significado de sobrevivência. “Resistência é a palavra que nos move para enfrentar os dias difíceis que teremos pela frente. Não é um fato novo. Estamos sabendo disso desde a aprovação da reforma Trabalhista em 2017. Essa resistência não será feita de uma forma isolada. O Sindicato vai buscar diferentes parceiros do mundo sindical. Não será a luta do eu sozinha.”
Juventude
Uma das estratégias para superar as dificuldades será buscar o apoio de uma nova geração de jornalistas. A ideia é apostar na juventude universitária para compreender as mudanças tecnológicas na profissão e enfrentar os impactos com diálogo permanente com os trabalhadores jornalistas. “Vamos ao encontro da juventude universitária. É uma juventude mais aguerrida, mais militante. As portas do Sindicato já estão abertas à sindicalização. Nossa gestão tem um compromisso muito grande com a categoria. Principalmente com a categoria que está dentro das redações. Essa necessidade de nos aproximarmos apareceu na campanha eleitoral. Retomar com urgência o contato com as redações. Isso foi nos dito com toda clareza nesta caminhada eleitoral”, finalizou.
Fonte: Sindjors