O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul Sindjors e a Federação Nacional dos Jornalistas –  Fenaj vêm a público repudiar toda e qualquer tentativa de cerceamento ao trabalho da imprensa. A CF1988 diz, em seu artigo 220, que “a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. § 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV”.

 

A denúncia de ameaças à Liberdade de Imprensa contra o jornalista Pedro Nakamura e os profissionais da redação de O Matinal, resulta de matéria produzida pelo repórter sobre teste com proxalutamida, sem autorização da Anvisa, em pacientes com Covid-19, no Hospital da Brigada Militar de Porto Alegre (HBMPA), publicada na terça-feira (24), no site do Matinal. Um dos médicos responsáveis pelo experimento fez uma ameaça de processo contra o jornalista, nas redes sociais, acusando o repórter de assédio para obter informações, sem provas. A partir disso, o profissional e os demais colegas passaram a ser ameaçados em comentários com xingamentos, ameaças de morte e de violência física, publicamente, nas redes sociais.

 

A Liberdade de Imprensa é uma das bases do Estado Democrático. Mas não é o que os Relatórios Anuais de Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa elaborados pela Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj apontam. Só em 2020, segundo dados da Federação, foram 428 casos de agressão a profissionais da imprensa, ou seja, mais de um por dia. Incluindo nesta estatística dois assassinatos. Esta violência representa um aumento de 105,77% em relação a 2019, ano em que também houve crescimento das violações à liberdade de imprensa no país.

 

É inadmissível que quem quer que seja ameace profissionais da comunicação por fazerem seu trabalho, por investigarem, comprovarem e tornarem públicas ações que podem trazer sérios prejuízos à sociedade. O comando da Brigada Militar e o Conselho Regional de Medicina do RS – Cremers decidiram abrir sindicâncias internas para investigar as denúncias de experimentos com proxalutamida, o que referenda o trabalho essencial da imprensa, especialmente na pandemia, que já matou mais de 570 mil brasileiros.

 

O Sindjors e a Fenaj estão atentos às ações antidemocráticas e de violação aos direitos conquistados pela sociedade, e tomarão todas as providências que se fizerem necessárias em defesa da categoria.

 

Texto: Carla Seabra/Diretoria Sindjors