A direção do Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SindiJoRS) registrou Boletim de Ocorrência após funcionária e dirigentes sofrerem violência na sede da entidade em Porto Alegre nesta terça-feira, 26, por um repórter fotográfico, e teve amplo apoio da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) para relatar o ocorrido. Imagens das câmeras do prédio da sede da entidade, na Rua dos Andradas, servirão para embasar a denúncia. Após o ocorrido foi deliberado, em reunião executiva ampliada, que, a partir da data de hoje, qualquer pessoa que precisar ir pessoalmente na sede da entidade deverá obrigatoriamente se identificar na portaria.
Ao ser recebido na sede da entidade com outros jornalistas que buscavam atendimento, o fotógrafo ingressou nas dependências desconsiderando as profissionais presentes e exigindo atendimento pela presidente do Sindicato, Laura Santos Rocha, que naquele momento participava de uma audiência judicial on-line representando a categoria.
Após, aos berros, ameaçou a secretária de arrancar a camiseta que vestia “Lute como uma jornalista” enquanto proferia injúrias às jornalistas da diretoria. Ele acabou sendo expulso do prédio por determinação da síndica por estar tumultuando a recepção do edifício de 13 andares. O profissional permaneceu nas imediações.
O Sindicato também comunicou o ocorrido à Associação dos Fotógrafos do RS (Arfoc), à Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos (ACEG) e à Associação Riograndense de Imprensa (Ari). O Coletivo de Mulheres da Central Única das e dos Trabalhadores (CUT/RS) e seu presidente, Amarildo Cenci, prestaram solidariedade e repúdio a mais esse ataque contra mulheres em pleno exercício profissional.
Esse é mais um motivo para que seja revisto, pelo Ministério do Trabalho, a liberação indiscrimidade de registros profissionais para que pessoas, sem capacidade e discernimento para estarem no mercado de trabalho, tenham como direito atuar nos veículos de comunicação e receber a carteira nacional de Jornalistas, da Fenaj.
Em nota de desagravo e solidariedade, o Núcleo de Jornalistas Afro-brasileiros do SindJoRS repudiou a atitude violenta e machista. “O ato repudiável em si, referente à truculência de trato social e ao desrespeito a colegas no exercício das atividades sindicais de credenciamento e expedição de documento, agrava-se por ter sido cometido contra três mulheres, que tiveram de acionar rapidamente a segurança do prédio para conter a violência de um colega de profissão. É um ato de violência misógina que merece todo o repúdio”, declara o documento.
“Manifestamos nossa total reprimenda ao machismo e à falta de civilidade diante do simples cumprimento das atividades institucionais do SindJoRS, alertando a nossa categoria para se fazer mais presente e participativa no cotidiano do nosso sindicato, enquanto também assumimos nossa responsabilidade de sermos mais ativas e ativos em nossas atribuições como parte do sindicato como também nos solidarizamos pessoalmente com cada colega agredida no ato de ontem, completa o Núcleo de Jornalistas Afro-brasileiros do SindJoRS.
O Querela Jornalistas Feministas, coletivo que apoia a luta das mulheres por uma vida em igualdade e não violência, se pronunciou manifestando solidariedade às colegas dirigentes e servidoras do Sindicato. “Não há motivo que justifique violência ou ameaças contra mulheres, de nenhuma espécie e autoria, e neste caso, no exercício de suas tarefas políticas e profissionais. Nesse sentido, repudiamos a atitude machista e violenta do filiado que as desrespeitou na Sede de nosso Sindicato com atitudes ameaçadoras que as impediram, até mesmo, de deixar o local. Que este fato seja levado às autoridades, haja responsabilização, e se resgate o respeito”, diz a nota assinada pela jornalista Télia Negrão, representando o Coletivo.
O presidente da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado (ARFOC/RS), Rodrigo Ziebell, reforça que é inaceitável que um profissional tenha uma atitude dessas dentro do seu próprio Sindicato. “Nós repudiamos toda e qualquer violência ainda mais contra nossas colegas mulheres”.
A Associação Riograndense de Imprensa (ARI) também encaminhou uma nota, assinada pelo presidente José Nunes, pedindo providências para que esse tipo de situação nunca mais ocorra. “Em nome de toda diretoria da ARI gostaria de expressar nossa solidariedade diante do constrangimento enfrentado no último dia 26. É lamentável que diretoras e funcionária do Sindicato tenham sido expostas a tal agressividade. Esse tipo de situação não pode afetar nossa luta em busca dos interesses da categoria. Precisamos definir ações conjuntas para coibir atitude como essa. Coloco-me à disposição para encontrar alternativas que possam evitar que se repita esse padrão de comportamento”, escreveu Nunes.
Assinam a nota:
SindJoRS
Núcleo de Jornalistas Afro-brasileiros do SindJoRS
FENAJ
Comissão de Mulheres da FENAJ
SindijorPR
Sindijor/SE
SINJOPE
SJPMG
SINJOR PARÁ
Central Única das e dos Trabalhadores – CUT/RS
Secretaria da Mulher Trabalhadora da CUT/RS
Coletivo de Mulheres CUT/RS
Querela Jornalistas Feministas
ARI
ACEG
ARFOC/RS