Em um encontro histórico, que não ocorria há alguns anos, os representantes do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas de Porto Alegre – STIGPOA (93 anos), do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS – Sindjors (79 anos), do Sindicato dos Radialistas do Rio Grande do Sul (60 anos) e da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio Grande do Sul – ARFOC-RS (65 anos) reuniram-se, na última terça-feira, dia 19 de outubro de 2021, para estabelecer um calendário comum de lutas em benefício de suas categorias. Este assunto, sobre a reaproximação das entidades de classes afins, foi um dos temas debatidos no Seminário Internacional “Desafios e Oportunidades para Jornalistas num Mundo em Transformação”, que ocorreu de 27 a 30 de setembro de 2021, promovido pelo Sindjors. Uma das conclusões do Seminário Internacional é de que precisamos voltar às origens e redescobrir o papel social e político que os sindicatos devem assumir no país, diante do corte de direitos e do enxugamento do mercado de trabalho, onde um dos desafios é aprender a falar com a população, com as bases e debater os problemas que interessam à classe como um todo.

 

Com a coordenação da 1ª vice-presidenta do Sindjors, Laura Santos Rocha, foram rodadas de discussões sobre a necessidade de estabelecer, de forma ordenada, ações que tenham como impacto o fortalecimento destas instituições e, como reflexo, o benefício de profissionais representados. Entre os principais assuntos estavam a construção de uma tabela de preços unificada como referência de valores na prestação de serviços, a necessidade de criar critérios específicos para a concessão do registro profissional para funções específicas, a importância da valorização e da capacitação profissional. Também a questão da fiscalização do exercício ilegal nas diferentes atividades exercidas, que tanto ocorre hoje pela precarização do mercado de trabalho, foi uma das preocupações levantadas pelo grupo. E, cientes das dificuldades financeiras que sindicalizados e associados enfrentam no momento econômico atual, alternativas serão estudadas para dar amparo, sustentação e oportunidades de qualificação por meio de cursos, de espaços para troca de experiências e para a qualificação das trabalhadoras e dos trabalhadores.

 

Participantes consideram o evento positivo

Segundo o presidente do STIGPOA, Francisco Lázaro Peixoto da Silva, o encontro entre os Sindicatos e a ARFOC-RS foi uma forma de aproximação e de avaliação conjuntural de cada entidade, uma reflexão sobre suas aflições, buscando alternativas para a sobrevivência de um movimento sindical forte, próspero e representativo. “Esta unificação no campo das ideias e ações é o início de uma trajetória onde se requer um planejamento a curto e a longo prazo, buscando-se um estudo profundo destas categorias, encontrando seus principais anseios e desejos, fazendo destes trabalhadores participantes ativos na elaboração das alternativas de fortalecimento, dignificando-os com a manutenção dos poucos direitos que ainda temos. Somente através de muitas ideias, dialogo e ações alcançaremos uma via alternativa para um movimento sério, competente e representativo em prol de todas as categorias”.

 

Para a presidenta Vera Daisy Barcellos, as duas horas e meia de reunião foram muito significativas para o Sindjors, uma vez que deu início a mais um dos propósitos do calendário de gestão da entidade. “A aproximação com os dirigentes dos radialistas, gráficos e fotógrafos mostrou que é possível, sim, construir ações unitárias em defesa das categorias e traçar um plano estratégico de metas capaz de atrair trabalhadores e trabalhadoras para superar as dificuldades impostas pela nefasta reforma trabalhista”.

 

O presidente dos Radialistas, Ricardo Malheiros, considerou este encontro de suma importância. “Se nós, profissionais de comunicação, não estivermos unidos não teremos a representatividade que as nossas categorias merecem. Portanto, cabe a nós, presidentes destes Sindicatos e da ARFOC-RS, tornarmos esta união consciente e responsável para que a representatividade perante os patrões possa ter um peso muito maior do que tem hoje”.

 

Rodrigo Ziebell, presidente da ARFOC-RS, avaliou que é importante chamar outras organizações para tornar este movimento ainda mais forte. Uma das sugestões, para somar nesta luta, é convidar a Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos – ACEG e a Associação Riograndense de Imprensa – ARI para participarem desta construção coletiva. “Buscamos valorizar os nossos repórteres fotográficos e cinematográficos, oportunizando a eles uma qualificação profissional por meio de palestras, cursos e apoio jurídico. Além disso, promovemos campanhas da ARFOC-RS que envolvem incentivos, boas práticas e ética profissional. Queremos deixar um legado aos nossos associados para que possam enfrentar novos desafios e crescer profissionalmente de forma justa e competitiva”, comentou Ziebell.

 

Participaram do encontro o diretor do Sindjors, Jorge Leão, que ponderou ser importante a discussão sobre a importância da regulamentação de atividades hoje exercidas e que não estão respaldadas legalmente como o profissional multimídia e o operador de drones. “A reunião foi extremamente importante onde as frentes da área da comunicação estão unidas com o objetivo de discutir os novos rumos por conta das atuais transformações na área. No fotojornalismo não é diferente. A multicaptura da imagem, com novas tecnologias, também deve ser debatida”, comentou Leão.

 

E o 2º secretário da ARFOC-RS, Manoel Petry, levantou a questão da necessidade de um planejamento organizacional para que as diferentes resoluções sejam colocadas em prática de forma ordenada e, assim, resultem em benefícios concretos para os sindicalizados das diferentes entidades envolvidas, dialogando diretamente com a sociedade sobre a importância de nossas ações. Em comum acordo ficou definido que Petry, fotógrafo e publicitário, apresentará um planejamento detalhado no próximo encontro. Petry ressaltou que é importante “promover ações e campanhas institucionais de valorização da ARFOC-RS em conjunto com os Sindicatos, a fim de evidenciar atributos de união das categorias, apresentando ao mercado uma percepção de pertencimento dos associados com as entidades. Precisamos destacar a força da categoria e de seus profissionais, que buscam melhores condições de trabalho, qualificação profissional e respeito pela profissão”.

 

O sentimento, ao final do encontro, é que a força dos Sindicatos e das Associações é construída com a participação ativa da categoria. O momento atual pede a consciência para entendermos as necessidades das pessoas que representamos para realmente apresentarmos respostas positivas que a categoria espera. Precisamos fortalecer para, juntos, lutar para conquistar ainda mais avanços sociais, conquistas trabalhistas e benefícios.

 

Texto: Laura Santos Rocha/Sindjors