A presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Samira de Castro, destacou, em entrevista ao programa Conexão Assembleia (da Assembleia Legislativa do Ceará), na segunda-feira (29/08), a entrega de uma carta aos candidatos das eleições deste ano para que se comprometam em garantir a segurança dos jornalistas em atividade nas coberturas do pleito de 2022.

 

De acordo com a presidente da Federação, a violência contra jornalistas é analisada pela FENAJ desde 1990. Recentemente, conforme observou, houve um aumento expressivo de ataques, nas manifestações de 2013. Já a partir de 2019, observa-se uma série de recordes nos números de violência. Em 2021, foram registrados 430 ataques a jornalistas, segundo ela. “É necessário que as entidades se unam para cobrar a punição de quem comente violência contra jornalista. É preciso ainda que as pessoas saibam que quem quer calar um jornalista fere o próprio direito de ser informado”, destacou Samira de Castro, a primeira jornalista cearense a presidir a FENAJ.

 

A presidente da Federação orientou que, caso jornalistas sofram algum tipo de ameaça ou ataque, realizem Boletim de Ocorrência, o que permite o registro da violência, a sistematização de dados e a adoção de medidas de prevenção por parte dos Sindicatos de Jornalistas. “É inadmissível que, neste ano, em que completamos 20 anos da morte do jornalista Tim Lopes, que foi assassinado durante a realização de reportagem investigativa, a gente tenha que continuar alertando sobre os índices de violência. Nenhuma informação vale uma vida”, orientou a jornalista.

 

Samira de Castro, que também já presidiu o Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce), detalhou ainda que os dois grandes desafios enfrentados durante sua gestão à frente da FENAJ são a aprovação da proposta de emenda à Constituição que reestabelece a obrigatoriedade do diploma em jornalismo para exercer a profissão, chamada PEC do Diploma dos Jornalistas, aprovada no Senado e em tramitação na Câmara Federal, e a atualização da regulamentação profissional dos jornalistas, que data de 1979 e não conta, segundo a presidente, com funções advindas do uso de novas tecnologias, por exemplo.

 

A jornalista também se mostrou preocupada com os impactos de notícias falsas na vida da população. “Fake news são a mentira. Se é falso nem pode ser notícia. Em aplicativos de mensagens, é muito difícil para o cidadão identificar o que é informação verdadeira e o que é falso. Os jornalistas têm um papel essencial na produção de notícias que seguem critérios técnicos e também éticos”, afirmou Samira.

 

Samira de Castro, que integra ainda o Comitê Diretor do Conselho de Gênero da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), avaliou a necessidade de ampliar a participação feminina nas mais diversas áreas profissionais, inclusive em altos cargos do jornalismo, e garantir o respeito às mulheres jornalistas em suas atividades.

 

“Nós sofremos, além das questões salariais, a opressão de gênero. Uma jornalista, quando é agredida, ela não é agredida só pelo seu trabalho, porque descontenta A ou B, mas ela é chamada de burra, de incapaz, tem sua aparência física questionada, sua sexualidade e uma série de outros aspectos. Temos que discutir os nossos direitos”, cobrou Samira de Castro.

 

Conexão Assembleia é um programa multiplataforma da rádio FM Assembleia (96,7MHz), apresentado pela jornalista Kézya Diniz e transmitido nas redes sociais da Assembleia Legislativa do Ceará, no YouTube e no Facebook, às segundas-feiras, a partir das 8h. A produção é veiculada também na TV Assembleia, às segundas-feiras, às 20h30.

 

O programa também fica disponível no podcast da emissora. Basta procurar o canal nas principais plataformas de áudio, como Spotify, Deezer, Apple Podcasts e Google Podcasts.

 

Com informações da Assembleia Legislativa do Ceará