O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS – Sindjors recebeu grave denúncia, assinada por Luiz Piratininga, gerente de jornalismo da RecordTV RS, contra funcionários da Federação Gaúcha de Futebol – FGF e Confederação Brasileira de Futebol – CBF, por impedirem a equipe de reportagem da TV de trabalhar no jogo Inter x Bragantino, pelo Campeonato Brasileiro, no último dia 31 de janeiro de 2021.

 

O relato começa alguns dias antes, com a partida Grêmio x Flamengo, no dia 28 de janeiro, realizada na Arena. De acordo com Piratininga, foi solicitado à equipe da RecordTV RS que não fizesse imagens à beira do gramado. Imediatamente os profissionais teriam se retirado e trabalhado normalmente no local a eles designado. No entanto, no último domingo, a mesma equipe foi impedida de trabalhar, no jogo Inter x Bragantino, no Beira-Rio, com argumentos desencontrados, incluindo uma suposta punição ao ao operador de câmera portátil externa que trabalhara no jogo anterior – e que acatara a solicitação da FGF. Para o evento no Beira-Rio, os dados dos profissionais escalados foram previamente enviados a Carla Larini, coordenadora de marketing da FGF, que nada manifestou quanto a qualquer impedimento do ao operador de câmera portátil externa em trabalhar no jogo do Internacional. Além disso, Carla e Fernando Torres, da CBF, “bloquearam”, no aplicativo de mensagens de celular, o chefe de redação da RecordTV RS, Bruno Mestrinelli, que tentava resolver a questão. Em não havendo alternativa, a equipe não pode realizar seu trabalho nas dependências do Beira-Rio. Toda a ação e trocas de mensagens estão documentadas pelo gerente de jornalismo da RecordTV RS.

 

É oportuno citar o Projeto de Lei n. 2982/2020, do Deputado Elias Vaz (PSB/GO) e outros, apresentado em maio do ano passado, que “Dispõe sobre os crimes praticados contra jornalistas e profissionais da imprensa no exercício da profissão”, qualificando como crime uma série de condutas, que têm como objetivo intimidar jornalistas ou restringir a plena liberdade de imprensa. Liberdade esta que constitui a base de uma sociedade livre e democrática e que faz com que os jogos de futebol sejam transformados em espetáculos de entretenimento à população, gerando renda a trabalhadores, clubes, federações, confederações e mídias.

 

Recente Relatório da Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj aponta que o ano de 2020 foi o mais violento para os jornalistas brasileiros, desde o início da série histórica dos registros dos ataques à liberdade de imprensa, iniciado pela Federação na década de 1990. Foram 428 casos de violência, 105,77% a mais que os registrados em 2019. Os jornalistas que trabalham em televisão foram os mais atingidos pelas agressões diretas aos profissionais da categoria, em 2020. Do total de vítimas, eles representaram 24,44%, com 77 casos. O crescimento desta violência foi bastante expressivo nas categorias de Censura (750% a mais) e Agressões verbais/Ataques virtuais (280% a mais). Não podemos e não iremos, enquanto representantes legítimos das categorias de jornalistas e de radialistas, admitir que esse tipo de comportamento se repita diante de trabalhadores que estão na luta diária de informar a população, cumprindo seu papel social e profissional. Diante da denúncia recebida, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS – Sindjors e o Sindicato dos Radialistas do RS repudiam, veementemente, a restrição à liberdade de imprensa imposta à equipe da RecordTV RS. Da mesma forma, consideramos inaceitável e ato de absoluto desrespeito que tanto a FGF quanto a CBF, no ato representadas pelos dois colaboradores, tenham bloqueado as tratativas com o chefe de redação da emissora, via app de mensagens, ato, no mínimo, lamentável.

 

Os sindicatos dos jornalistas e dos radialistas do Rio Grande do Sul, inobstante o repúdio às atitudes dos representantes da FGF e CBF, no jogo Inter x Bragantino, solicitam que ambas as entidades se manifestem sobre o fato e tomem providências para que o direito da imprensa ao trabalho seja preservado, com respeito, reciprocidade e responsabilidade.

 

Uma sociedade democrática e justa precisa de um jornalismo livre.

 

Assinam
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul – Sindjors
Sindicato dos Radialistas do Rio Grande do Sul