No último sábado (09/07), movimentos sociais e entidades sindicais, parlamentares, militantes de partidos políticos e estudantes, lideraram a Marcha Contra a Fome, a Miséria e o Desemprego. A caminhada tomou conta do Centro de Porto Alegre, desde o Largo Glênio Peres até o Largo Zumbi dos Palmares. Mais uma vez, a intolerância impediu que o protesto pacífico resultasse sem incidentes.

 

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS – Sindjors – repudia todo qualquer ato de violência, durante manifestações democráticas, especialmente os que resultem em agressões a cidadãos presentes nas ações. As críticas ao governo de Jair Bolsonaro (PL) e a volta do Brasil ao mapa da fome – que motivaram a Marcha – basearam-se na divulgação do relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura – FAO, que aponta um montante de 61,3 milhões de brasileiros em INSEGURANÇA ALIMENTAR. Deste total, mais de 10,6  milhões de brasileiros são afetados pela FOME, resultado da ausência de políticas de segurança alimentar que devolveu o país ao Mapa da Fome. Não bastassem esses dados estarrecedores, o DESEMPREGO já atinge 10,6 milhões de pessoas, em todo o país. Era contra esse cenário devastador que a Marcha acontecia.

 

Assim como em outros atos pelo país, aqui se inclui a morte do guarda municipal e tesoureiro do PT – Partido dos Trabalhadores – de Foz do Iguaçu, no Paraná, durante a festa de 50 anos dele. Ele foi alvejado por um agente penitenciário e apoiador de Bolsonaro, incomodado com o motivo da festa, em homenagem ao ex-presidente Lula. Foi morto por defender sua ideologia, numa festa com amigos e familiares. Aqui, em Porto Alegre, durante a Marcha contra a Fome, apoiadores do atual presidente arremessaram ovos contra os manifestantes. Como eles estavam em um prédio da Avenida Borges de Medeiros, a força com que os ovos chegavam nos manifestantes, caminhando na rua, machucava e, até mesmo, provocava ferimentos. Uma das pessoas agredidas foi a fotógrafa do Sul21, Luiza Castro, que estava fazendo a cobertura da manifestação, ou seja, trabalhando.

 

São inadmissíveis atos violentos de uma intolerância insana, que fere e mata. Somos defensores da democracia, do direito ao livre pensar, da liberdade de expressão e de informação, mas somos absolutamente contrários à ditadura do ódio, da incitação à violência, do desrespeito aos cidadãos e às instituições representativas da nossa sociedade. Chega, BASTA!

 

Texto: Carla Seabra/Diretora Executiva Sindjors