O Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SindJoRS) manifesta pesar pelo falecimento do jornalista sindicalizado desde 09 de março de 1982, Juarez Malta, aos 70 anos, que ocorreu na tarde desde sábado, 10 de fevereiro de 2024, no Hospital da Restinga. O colega estava há algum tempo em tratamento de saúde e contava com uma rede de apoio para poder realizar os procedimentos necessários para melhorar sua qualidade de vida.

 

O profissional, formado pela FAMECOS/PUCRS, trabalhou como repórter, roteirista, produtor, editor e teve passagens pela TVE RS, Rádio Continental, RBS TV e também pela TV Gaúcha. O velório e o sepultamento ocorreram no domingo, 11, no cemitério São João. Ele deixou esposa e seis filhos. Nossos sentimentos para família, colegas, amigas e amigos.

 

Diversos comunicadores manifestaram seus sentimentos após saberem da morte de Malta. Entre eles, vamos reproduzir três depoimentos emocionados de pessoas que conviveram com ele. Carlos Kober, jornalista e publicitário, publicou dedicatória a Juarez nas redes sociais, em que relembrou o trabalho de ambos no projeto ‘Andiamo’, série de reportagens da RBS TV veiculado nos anos 1980, produzida em parceria com a Telemontecarlo, da Itália, que contava a história da migração italiana ao Estado. Segue: “TRISTEZA DE CARNAVAL: Ele preferiu erguer sua “bandeira branca” na cabeça do carnaval. Tentou, testavilhou, lutou como pode. Mini flashback: Há quase 40 anos atrás a TELEMONTECARLO e a RBS TV, numa parceria inusitada, produziram programas inéditos sobre a povoação pelo ´povo italiano no Rio Grande do Sul. A série que se chamava “Andiamo” tinha a bordo jovens e intrépidos criadores. Misto de super produção com jornalismo raiz, lá estávamos Valério Azevedo, Edilson (saudoso) Silva, Carlitos Kober recém chegado na Tv, Juarez Malta, Geraldo Canalli, e até uma especialista em Italiano, a saudosa Donatella Zeca, para ajudar na pronúncia e interpretação de textos em italiano. Tinha uma passagem que ficou histórica que era percorrer por dentro do Rio das Antas a mesma trajetória que os antigos colonizadores.  A bordo O Maltinha, em pé na proa de um barco de borracha, descido ao rio por uma traquitana sui generis já que o rio se tornava caudaloso e encaichoeirado. Foi uma saga. Flagramos um casamento (invadimos) italiano típíco. E fomos ver uma indústria italiana de proa, a Eberle. Maltinha sempre com seu texto de poeta e suas passagens certeiras. Corta pro ano passado, dezembro. Ele mostrava sua alegria em participar de um documentário com o glorioso Tadeu Vedana e outros parceiros sobre os Anos Sombrios da ditadura. Falamos pouco, escrevemos muito pelo zap zap mas hablamos bem menos do que o que gostaria.  Ele ligava em horas incertas e corridas, e a vida corre tanto, não é mesmo? Mas por trás das dificuldades de aposentado e dos consignados, batia um coração. Uma paixão. Organizei um livro para que ele pudesse contar suas peripécias Malteanas, amores e humores, relatos pessoais e preciosos na linha do tempo. Não deu. Após algumas peripécias, caiu de uma maca, machucou feio, voltou pro hospital e hoje partiu. Fico me recriminando das vezes que pedi “um tempo”, pra que ele me ligasse “depois”. E esse depois nunca chegava. Tinha o peito cheio de relatos e de passagens para dividir comigo. Segue em paz Maltinha.  Não aguento mais escrever sobre os camaradas que foram fazer seus boletins lá, do outro lado, no andar de cima. Vamos lembrar de ti como no dia que te vi pela primeira vez, a bordo daquele bote ZEPHYR de borracha, mostrando em italiano como é que os antigos colonizadores venceram suas dificuldades e assentaram praça. Andiamo. E vamoquevamo! RIP:((”

 

Reproduzimos também, abaixo, texto emocionado, publicado no Facebook e com a participação, em forma de mensagens, de colegas, produzido pela jornalista e amiga Nubia Silveira: “Nosso amigo e colega Juarez Malta começou a nos deixar às vésperas do Natal, quando levou um tombo e sofreu uma convulsão. Desde, então, a saúde dele só piorou.  Sua mulher, Eti, mãe de três dos seis filhos dele, esteve ao seu lado, em toda esta jornada. Conheci o Malta na TV Gaúcha. Na época em que eu o conheci, ele trabalhava na Rádio Atlântida, que funcionava no prédio da TV. Todas as noites, enquanto o Paulo Antonio Fogaça de Medeiros, Fogacinha, e eu editávamos o telejornal da noite, ele aparecia para bater papo, contar histórias e dar boas risadas. Mas nós não tínhamos tempo para ele. Eu trocava uma ou outra palavra com aquele gurizão (sete anos mais moço do que eu), sempre feliz, e voltava para o trabalho. Nunca o esqueci. Gostava dele. A vida – sempre ela, fazendo das suas – nos separou. Voltamos a conversar, pelas redes sociais, no ano passado. Ele me parecia feliz. Levei um choque ao ler o post do Celso Augusto Schröder informando que ele estava doente. Na mesma hora enviei mensagens para ele pelo Messenger e pelo WhatsApp. Quem me respondeu foi a Eti me informando da gravidade do caso. E assim, acabei participando mais da vida do Juarez de olhar triste, sem condições de se comunicar como gostava, do que a vida do jovem cativante, especialista em fazer amigos.”

 

Para o adeus a Juarez pedi que suas/seus amigas/amigos me enviassem uma mensagem sobre o amigo para eu publicar nas minhas redes. Todos revelam o quanto ele foi querido:

“O Juarez foi um dos meus grandes amigos de adolescência. Juntos formamos uma banda… ele era o baixista e participamos de festas, bailes e festivais. Quando escrevi minha primeira música ele insistiu que a inscrevêssemos em um festival realizado no Cecopam, Centro Comunitário do Parque Madepinho. Ficamos em segundo lugar com “Fantasiada”, mas vencemos na aceitação do público.” – Ari Teixeira

 

Juarez foi um ser humano de muita luz. Trabalhamos juntos no jornal Zero Hora. Mesmo em editorias distintas, sempre trocamos experiências do cotidiano da reportagem. Ele ficava alvoroçado quando eu relatava sobre as minhas andanças pelo mundo do crime. Quando vim para o jornal Correio do Povo sempre que era possível, nos breves encontros, colocávamos as conversas em dia. Deixará um vazio, mas tenho a certeza de que brilhará no plano celestial.‎” – Luciamem Winck | Coordenadora de Produção do Correio do Povo

 

Juarez, bom repórter e boa gente.” – Ayrton Centeno

 

“Que tristeza perder, precocemente, um colega/amigo tão talentoso. Foi um excelente repórter de TV, um jornalista completo.” – Clóvis Heberle

 

Juarez sempre foi um querido colega. Um dia destes, me ligou e disse coisas muito lindas, palavras que vou guardar para sempre. Eu também falei que sempre o admirei. Ele estava bem, falava com desenvoltura, voz firme. Era a despedida. Que esteja na luz!” – Regina Lemos

 

Juarez fez contato comigo no final de 2023, passando uma pauta na rua dele. Conversamos outras vezes mais, relembrando o velho jornalismo da década de 1980. Sempre foi um grande jornalista. Perdemos um parceiro que fez muito pela nossa profissão.” – Carla Seabra

 

“Tenho a dizer que ele era um adorável conquistador!” – Ana Dorneles

 

“Perdemos um grande jornalista, texto irretocável, inteligente. Um grande colega, amigo. Muita tristeza.” – Antônio Castro

 

“Para mim, o Juarez será sempre o Pequeno Príncipe. Nos invernos da PUC, quando fomos colegas de aula, ele usava uma mantinha que deu origem ao apelido. Sempre amável, lembrava mesmo o principito de Saint-Exupéry. Perdemos o contato nesses 40 anos, mas vou lembrar dele com muito carinho.” – Rosane Oliveira

 

“Triste com a perda do Juarez. Nunca fomos muito próximos, mas ele passou a conversar comigo não faz um ano, quando soube que eu estava na faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC. Queria que eu fizesse contato com uma cunhada dele, que é da universidade, mas ela nunca me retornou. Enfim, um profissional a menos, dos tempos em que o jornalismo era pura arte. Vai em paz meu irmão.” – Flávio Damiani

 

“Sempre tive admiração pelo Juarez e seu trabalho, apesar de nunca haver trabalhado junto. Que sua memória siga em muita paz.” – Jussara Marchand

 

“Que notícia triste, André e Roberto Antunes Fleck. O Juarez Malta era um grande sujeito.” – Eduardo Guimarães

 

“Não convivi com ele. Mas achava suas postagens de extrema sensibilidade e comprometida solidariedade com todos colegas.” – André Pereira

 

“Pra quem é dos velhos tempos, como eu, lembrar de meu amigo Juarez vai ser sempre lembrar de um grande e sensível jornalista que pra nós sempre vai ser o Poeta da redação.” – Marco Antônio Vargas Villalobos

 

“Grande perda para o jornalismo. Não cheguei a trabalhar com ele, mas conhecia a sua trajetória. Juarez Malta sempre me prestigiou lendo e comentando as mal traçadas linhas que eu costumava postar no Face. Sinto muito pela sua passagem e apresento minhas condolências à família enlutada.” – Luiz Carlos Vaz

 

“Dos melhores textos, que passaram por mim, como editora de TV. Tinha sensibilidade, contexto, precisão. Estava acima da média e sabia. A soberba não era um defeito na nessa época. Acredito que tenha feito seguidores, porque realmente era um repórter excepcional. Um cara que dominava o texto e conversava com as imagens.” – Vera Bosak

 

E, para encerrar essa importante homenagem, a mensagem do colega de diretoria executiva do SindJoRS, Adroaldo Corrêa: “Formamos uma boa equipe na redação da Rádio Continental no final dos anos 1970, ao comando de Nubia Silveira. O Juarez Malta foi sempre mais amigo nosso que dele mesmo, que descuidava da própria saúde algumas vezes. Democrático e humanista radical, não se rendeu aos cantos de sereias do ambiente profissional. Posso dizer que era meu amigo, porque algumas vezes disse-me isso em meio a prosas longas de reminiscências em algumas madrugadas pelo face nos dias brutais da pandemia. Pêsames a familiares e demais pessoas amigas pela perda grande nossa.”

 

Texto: Laura Santos Rocha/Diretoria SindJoRS