Oitenta e seis anos de vida, 65 de trabalhos dedicados à Comunicação, mais especificamente ao Rádio e ao Jornalismo. Célio Soares, um dos mais antigos radialistas do Rio Grande do Sul, faleceu na manhã desta sexta, 12, em casa. Célio também trilhou caminho como escritor, com o livro Ecos do Passado, uma coletânea das crônicas escritas nos jornais locais sobre a cidade do Rio Grande e foi um dedicado curador do Museu da Comunicação Rodolfo Martensen, que fundou junto ao colega e amigo Willy Cesar, falecido em 2018. Célio Soares foi também um grande entusiasta do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS – Sindjors apoiando a causa e auxiliando nas demandas em Rio Grande e região.

 

Célio dos Santos Soares nasceu a 20 de outubro de 1935. Antes de trabalhar em rádio conheceu uma grande paixão, ao ter o primeiro trabalho como operador de projetor de cinema. Aos 20 anos foi contratado como sonoplasta em rádio. Foi programador, operador, locutor, produtor, apresentador e gerente nas Rádios Minuano, Cultura Rio-grandina, Cassino (um dos fundadores), Pelotense e Pampa de Porto Alegre. Na RBS TV Rio Grande, foi locutor. Na rádio Universidade (atual FURG FM), esteve desde a fundação, em 1988, como locutor, produtor, apresentador, diretor da Fundação de Radiodifusão Educativa (Furerg), colaborador e criador do Museu da Comunicação. Ainda trabalhou na Assessoria de Imprensa na Prefeitura Municipal de Rio Grande.

 

Autodidata, era um leitor voraz e um aficionado do cinema e da música. Entre os programas que produzia, destacavam-se os de música brasileira e de música clássica, sempre com um toque de popularização, já que acreditava que todos deveriam ter acesso às mais variadas formas de arte.

 

Célio Soares era o decano dos jornalistas e radialistas de Rio Grande e região. Sempre lembrava que foi levado para a rádio por Holmes Aquino, outro que dedicou a vida à profissão de radialista, começando em Rio Grande e depois seguindo carreira no grupo RBS, onde ficou por 50 anos. Célio não queria parar de trabalhar nunca. Entre as bem-humoradas afirmações diárias, dizia que queria “morrer por um tiro de revólver, dado por um marido ciumento” e se apresentava aos visitantes: “sou a peça mais antiga do Museu da Comunicação”. Mas a pandemia mudou a vida de todos e ele não aceitou ficar parado, longe do museu que tanto amava. Contraiu pneumonia no último inverno e ficou bastante debilitado, até que serenamente partiu nesta sexta-feira.

 

Por tudo o que representou nestes mais de 65 anos de atividades, jornalistas e radialistas de Rio Grande só podem dizer: Obrigado, Célio Soares!

 

Texto: Rosane Borges