Alegando readequação da estrutura e contenção de despesas a direção do Correio do Povo – CP vem demitindo um grande número de profissionais, muitos deles com décadas de trabalho a serviço da empresa.
Dos dois desligamentos na redação um deles foi do editor-chefe Eugênio Bortolon, que completaria 30 anos de casa em 1º de setembro deste ano. Para ele foi utilizada a justificativa de uma suposta renovação editorial. No mesmo dia, Juremir Machado da Silva, 21 anos no CP, também foi comunicado de sua demissão.
Com uma trajetória de 50 anos dedicados ao jornalismo gaúcho, Eugênio, que é formado pela Faculdade de Comunicação da Ufrgs, passou pela equipe do arquivo do jornal Zero Hora, Rádio Gaúcha e editoria de esportes da extinta Folha da Tarde. Com o fechamento da Folha, Bortolon retornou para ZH, onde trabalhou por dez anos.
DESTAQUE NA ECONOMIA
Mais tarde, quando o Correio do Povo voltou a circular, com novos proprietários, Bortolon retornou ao diário e fincou raízes, onde se notabilizou por estar à frente da editoria de Economia, muito conceituada no mercado, e que lhe rendeu o título de Jornalista de Economia do Ano, prêmio concedido pelo Corecon/RS. Durante a estada no CP, também, cobriu as Copas do Mundo da Argentina (1978) e da Espanha (1982).
Com um passaporte carimbado por mais de 50 países, ele também assinou diversas matérias para a editoria de Turismo. O profissional já escreveu para os sites da Associação Gaúcha dos Auditores Fiscais da Receita Federal e da rede Plaza Hotéis.
Devido à relação do jornalista com o setor cultural da embaixada da Holanda, onde viveu por cerca de dois anos, Eugênio foi convidado a realizar matérias sobre os cem anos da morte de Van Gogh, que rendeu a ele uma condecoração pela rainha Beatrix. Bortolon também recebeu a medalha Maison de La France por reportagens sobre aquele pais.
Como repórter freelancer, ainda teve reportagens publicadas em revistas das editoras Abril e Bloch e no Correio Braziliense.
Na redação do Correio, outro corte afetou o repórter de geral Cláudio Isaias, com nove anos e seis meses de casa, para quem foi alegada restruturação. Esta era a única fonte de renda do jornalista, que já atuou, durante 17 anos, no Jornal do Comércio. O jornalista lamentou muito a medida.
As demissões pós pandemia iniciaram em novembro de 2021, quando cinco correspondentes do Correio, no interior do Estado, foram afastados, entre eles, Otto Tesche, 27 anos a serviço do tablóide no Vale do Rio Pardo. Otto é coordenador de produção na Gazeta do Sul de Santa Cruz do Sul. A readequação da estrutura foi o motivo, segundo a direção do CP. Renato Oliveira, também demitido, diz que a motivação, de acordo com um dos gestores do Correio, teria sido a contenção de despesas. Ele respondia pela Região Centro do RS e foi afastado depois de 21 anos. Sediado em Santa Maria, ele atua na Rádio Imembuí há três anos.
Outro que lamenta a supressão do cargo de correspondente, na Região Noroeste, Felipe Dorneles, com mais de 13 anos na função, lembra que a antiga Central do Interior do CP já contou com mais de 20 correspondentes e, com a redução de representantes ao longo do tempo, ele teria passado a atender também a Santo Ângelo, Ijuí e Carazinho.
Halder Ramos, que respondeu por 11 anos pelo Vale das Hortências também foi desligado. Ele é editor do jornal Nova Época e, com a HR Press, presta assessoria de imprensa na região.
Stephany Sander, da Região do Vale do Sinos, com nove anos de CP, também foi afastada. Coordenadora de produção da Rádio União FM, onde também apresenta dois programas, ela ainda comanda a Vôo Conteúdo, agência de assessoria para bandas, que gerencia 13 grupos e é responsável pela curadoria musical do Festival Quarto POA.
Texto: Rosa Pitsch/Diretoria Sindjors