Fotos: Marcus Perez (CUT-RS), Caco Argemi (CPERS) e Luiza Castro (Sul21)

Fonte: CUT-RS com CPERS Sindicato e Sul21

 

Mais de 20 mil servidores públicos de quase 30 categorias do funcionalismo estadual, federal e municipal tomaram as ruas de Porto Alegre na tarde desta quinta-feira (14) e realizaram um ato unificado em frente ao Palácio Piratini. A mobilização foi promovida pela Frente dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (FSP-RS). Teve sol e chuva, mas não faltou garra e disposição de luta.

 

Eles protestaram contra os recentes pacotes do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e do governador Eduardo Leite (PSDB) e os ataques permanentes do prefeito da capital gaúcha, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), que não somente retiram direitos dos servidores, como também desmontam o estado, privatizam empresas e precarizam os serviços públicos.

 

 

Também estiveram presentes centenas de estudantes e dirigentes de centrais, sindicatos e federações de outras categorias de trabalhadores, bem como movimentos sociais, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Estadual dos Estudantes (UEE-RS) e a União da Juventude Socialista (UJS), que se expressaram apoio aos professores e demais servidores públicos e também defenderam a educação pública.

 

 

Ao final, eles selaram um pacto de unidade, resistência e luta para derrotar os projetos de destruição do serviço público e dos direitos dos trabalhadores em curso no estado, no país e em vários municípios.

 

 

A manifestação foi precedida de assembleias de sindicatos que representam servidores. O CPERS reuniu milhares de professores e funcionários de escolas na Praça da Matriz. Outra assembleia de várias categorias aconteceu no salão ao lado da igreja da Pompeia.

 

Caminhada

Após concentração em frente à sede do CPERS, na Avenida Alberto Bins, os servidores saíram em caminhada que parou o centro da cidade. Enquanto os primeiros manifestantes já chegavam à Praça da Matriz, em frente ao Palácio, muitos ainda subiam a Rua Dr. Flores em direção à Avenida Salgado Filho.

 

 

No meio da marcha, vários trabalhadores e trabalhadoras foram aderindo ao movimento, que ganhou aplausos de muitas pessoas que estavam aguardando ônibus nas paradas.

 

Ao chegar na Praça da Matriz, centenas de servidores da Polícia Civil se integraram na manifestação.

 

 

Governador protocolou pacote e viajou aos EUA

O ato contou com falas de lideranças de todas as entidades que compõem a Frente de Servidores Públicos (FSP/RS).

 

Emocionada, a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, fez um pedido ao conjunto do funcionalismo. “Quando alguém disser que tem pena dos professores, não permitam. Nós somos professores com muito orgulho. Somos profissionais da educação com muito orgulho. Não merecemos pena, merecemos ter um governo que respeita essa categoria”, disse.

 

 

Helenir também criticou a viagem de Eduardo Leite aos Estados Unidos, bancada pela Fundação Lemann, no mesmo dia em que protocolou os projetos que atacam brutalmente os servidores.

 

“O governador que andou mentindo para a população, dizendo que vai pagar o piso do magistério, aceitou viagem de uma fundação que tem convênio com o Estado. Isso é vergonhoso e antiético. Esse governador precisa ser educado por nós, professores e funcionários de escola”, concluiu.

 

Mostrar a importância do serviço público

A diretora do Semapi, Cecília Margarida Bernardes, afirmou que as políticas de precarização do serviço público, tanto em nível estadual quanto federal, afetam não só os trabalhadores, mas também a população que depende desses serviços. Segundo ela, o ato serviu para mostrar a importância do serviço público para a população. “Vemos a importância que tem em todas as áreas, desde a produção de conhecimento, que alguns setores fazem e, às vezes, não aparece, como no conjunto da formação de pessoas”.

 

 

Segundo o coordenador geral do Sindicato dos Servidores da Justiça do Rio Grande do Sul (SindjusRS), Fabiano Marranghello Zalazar, o ato teve importância histórica. “Mais uma vez os servidores públicos de várias categorias do Estado, da União e até mesmo do Município estão unidos contra os ataques e os desmontes que o governo Leite e o governo Bolsonaro querem promover contra o servidor público”, disse.

 

Para o diretor do Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Poder Executivo do Estado do Rio Grande do Sul (Sintergs), Humberto Periolo, o pacote de Leite será “nefasto para todas as categorias do funcionalismo”. Para ele, “a unificação dos servidores é o que vai fazer a nossa força. Sem isso, nós não vamos conseguir avançar contra esse projeto do governo, mas o que se demonstra neste ato é que todas as categorias estão unidas em um único objetivo, que é lutar contra o pacote”, disse Periolo.

 

 

O presidente da Ugeirm, sindicato que reúne escrivães, inspetores e investigadores da Polícia Civil gaúcha, Isaac Ortiz, ressaltou que o pacote do governo Leite ataca a sociedade como um todo. “Ao mesmo tempo em que o governador ataca violentamente os servidores da segurança, da educação, da saúde e a população em geral, ele beneficia os grandes sonegadores deste Estado dando isenção”, afirmou Ortiz.

 

Greve dos educadores começa na segunda-feira

A partir da próxima segunda-feira (18), a rede estadual de educação entrará em greve por salário em dia, reajuste e nenhum direito a menos. A categoria vai se mobilizar para pressionar os deputados a rejeitarem integralmente as propostas de Eduardo Leite.

 

 

Diversos segmentos do funcionalismo também anunciaram a intenção de cruzar os braços. Os associados do Sintergs, Sindsepe, Afagro, Assagra, Agefa, Sindicaixa, Seasop e Apog sinalizaram que as categorias devem parar a partir do dia 26.

 

“Pacote da morte”

Com 47 meses de salários atrasados e cinco anos de congelamento salarial – representando uma perda do poder de compra superior a 30% -, os educadores compõem a categoria mais atingida pelas reformas propostas pelo governador.

 

As medidas já estão sendo chamadas pelos servidores públicos de “pacote da morte”. Um grande pacote foi carregado pelos servidores em sinal de protesto e denúncia para a sociedade.

 

 

Entre os impactos, está o achatamento da carreira, a perpetuação do congelamento dos salários e o confisco de dinheiro de aposentados que recebem pouco mais de um salário mínimo, sem qualquer contrapartida para repor as perdas acumuladas.

 

O CPERS enviou ao governo documento elencando as razões para a rejeição do pacote, de todo reprovado pelos trabalhadores em educação. Mas não recebeu retorno.

 

 

Cadê a negociação do mínimo regional?

Além de apoiar os servidores, a CUT-RS aproveitou para cobrar negociações com o governo Leite sobre o reajuste do salário mínimo regional de 2020. O gabinete do governador enviou mensagem às centrais, alegando que o assunto somente deverá ser tratado após a votação do pacote pelos deputados. Um tremendo descaso!

 

 

“O mínimo regional beneficia cerca de 1,5 milhão de trabalhadores e trabalhadores do campo e da cidade, que recebem os menores salários no estado e precisam ser respeitados e valorizados”, ressaltou o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo.

 

Jornalistas protestam contra fim do registro profissional

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS (Sindjors) levou também apoio aos servidores e denunciou a MP 905 do Bolsonaro, que acaba com o registro profissional dos jornalistas e de outras 13 categorias.

 

 

Uma faixa foi estendida pela presidenta do Sindjors, Vera Daisy Barcellos, e por vários dirigentes da entidade e profissionais de imprensa, mandando o recado para a categoria, os parlamentares e a sociedade: “Defenda o Jornalismo dos ataques de Bolsonaro”.

 

Assista às transmissões da CUT

 

https://www.facebook.com/cutbrasil/videos/530782337485445/

 

https://www.facebook.com/cutbrasil/videos/563599441133419/

 

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