Nós, mulheres, somos maioria no Jornalismo. Mas, como em todas as demais profissões, não somos a maioria que ocupa os cargos de chefia e de decisão e, ainda, somos menos remuneradas, especialmente as mulheres negras.

 

No ano de 2020, como tantas outras companheiras, sofremos mais com os impactos da pandemia de Covid-19. A pesquisa da Comissão Nacional de Mulheres da FENAJ “Mães Jornalistas e o contexto da pandemia” apontou que as mães jornalistas são mulheres esgotadas pela sobrecarga de trabalho.

 

Respondido por 629 profissionais jornalistas de todos os estados do Brasil, o mapeamento demonstrou que, ainda que compartilhem cuidados, essas mulheres são sobrecarregadas com cuidados com filhos e outros membros da família, alimentação e casa, ao mesmo tempo que precisam conciliar o trabalho home office ou presencial.

 

Vivemos sob a exploração nos ambientes de trabalho no Brasil, com jornadas abusivas, excesso de trabalho, aumento da cobrança por parte dos superiores (mesmo entre aquelas que tiveram redução de salário e jornada), acúmulo de funções e as frequentes cobranças para dar conta de prazos, de plantões (incluindo quem está em teletrabalho) e de inúmeras reuniões.

 

Soma-se a esse exaustivo cenário, o aumento expressivo da violência contra jornalistas. No ano passado, foram 428 casos, quase metade protagonizados pelo presidente Jair Bolsonaro. Desse total, 44,66% foram contra nós, mulheres jornalistas. Todos os ataques, verbais e virtuais, tiveram caráter machista, misógino e com conotação literalmente sexual.

 

Além das questões específicas de nossa profissão, assim como as demais trabalhadoras em todo o país, também enfrentamos cotidianamente a violência doméstica e de gênero, que agride, estupra e mata mulheres, cis e trans, todos os dias em nosso país. As opressões e violências foram agravadas pela pandemia e, em larga escala, pela política conservadora, machista, misógina, LBTfóbica do atual governo genocida de Jair Bolsonaro.

 

A política de desmonte dos serviços públicos, em especial do SUS, de negacionismo frente à pandemia que já ceifou a vida de mais de 250 mil brasileiras e brasileiros, de privatização do patrimônio e empresas estatais, de descaso com a população e favorecimento aos bancos também nos atinge. Contra esse governo e esse sistema capitalista perverso, nos levantemos.

 

E, assim como tantas mulheres no mundo todo, mesmo diante de inúmeros ataques e ameaças, resistimos! Juntas às demais mulheres no Brasil e no mundo, nós, mulheres jornalistas, seguimos na luta por melhores condições de trabalho e renda, por um mundo livre de opressões e pelo fim do machismo, do racismo e do patriarcado.

 

Fazemos da nossa profissão instrumento de defesa da democracia e de combate ao autoritarismo e a todas as formas de opressão. Lutamos pelas liberdades de imprensa e de expressão, pela livre circulação da informação jornalística e pelo nosso direito ao livre exercício da profissão, com segurança e autonomia.

 

Lutamos por vacina para todas e todos, por auxílio emergencial digno, pelo fim da desigualdade e da violência de gênero e raça, contra o desmonte do SUS e dos serviços públicos, pelo nosso direito à vida e pela autonomia de nossos corpos! Fora Bolsonaro e todos os negacionistas!

 

Resistimos ontem, hoje e sempre!

 

Lute como uma jornalista!

 

Brasília, 7 de Março de 2021

Comissão Nacional de Mulheres da FENAJ

Federação Nacional dos Jornalistas