Em coletiva de imprensa ocorrida na tarde desta segunda-feira (5), centrais sindicais, movimentos sociais, pastorais sociais da CNBB e comunidades reforçaram a mobilização para o 28º Grito dos Excluídos e das Excluídas, que será realizado nesta quarta-feira, 7 de setembro, nas ruas do bairro Partenon, em Porto Alegre. Também haverá manifestações em outras capitais de estados.

 

Após concentração, às 9h, em frente à igreja São José do Murialdo (Rua Vidal de Negreiros, 550), os participantes sairão em caminhada até a Praça Francisco Alves, ao lado da igreja São Judas Tadeu, na Avenida Bento Gonçalves, onde será promovido um ato inter-religioso.

 

 

Vida e democracia: não ao golpe

 

O lema nacional deste ano é “200 anos de (in)dependência. Para quem?”. A organização do Rio Grande do Sul destaca também a chamada “Vida e Democracia: não ao golpe! Por comida, terra, teto e trabalho”.

 

O Grito acontece desde 1995 e reflete sobre a independência do Brasil. Os organizadores estão comprometidos com as causas dos que estão à margem da sociedade, dos que têm fome, estão sem moradia, sem saúde, em situação de vulnerabilidade social, sem fonte de renda, sem emprego digno e acabam por ser esquecidos, desrespeitados e excluídos.

 

Ouvir os corações que estão vivos

 

“O principal ato do nosso atual presidente foi trazer o coração de Dom Pedro I. O Grito reafirma e faz repercutir o grito dos corações dos brasileiros e das brasileiras excluídos. Dos corações dos brasileiros que passam fome, de mães que não tem o que colocar na mesa dos seus filhos, sendo o Brasil um grande produtor e exportador de alimentos. Queremos ouvir os corações que estão vivos”, disse a coordenadora do Grito e representante da Caritas RS e da Comissão Episcopal Pastoral Sociotransformadora da CNBB, Roseli Dias.

 

O secretário de Administração e Finanças da CUT-RS, Antônio Güntzel, falou em nome das centrais sindicais, convocou os trabalhadores e as trabalhadoras a pparticipar do Grito e frisou que a lei do chamado “teto de gastos”, a lei da terceirização irrestrita e as reformas trabalhista e da previdência pioraram a vida da população.

 

“Essas mudanças foram vendidas como medidas para gerar emprego e distribuir renda. Não é verdade. Foram gerados empregos precários com baixos salários. A gente precisa gritar e muito para poder revogar as reformas”, apontou.

 

 

Por comida, terra, teto e trabalho

 

O dirigente sindical também criticou a política de desvalorização da renda. “Acabaram com a valorização do salário mínimo nacional. Aqui no RS o governo Eduardo Leite (PSDB) não deu nenhum aumento real e ainda foi aprovado, em 2020, reajuste zero no mínimo regional. Isso significa os preços nas alturas e a fome chegando cada vez mais”, denunciou.

 

Ao falar da fome, os organizadores também lembram as ações de solidariedade que aconteceram durante a pandemia e seguem ocorrendo nas comunidades mais vulneráveis. Por isso, Antônio também ressaltou a solidariedade entre a classe trabalhadora como essencial nesse momento de resistência e luta contra os retrocessos.

 

Povo grita porque não quer morrer

 

O dirigente estadual do MST Gerônimo da Silva, o Xiru, apontou que o Grito defende a vida. “É o grito dos trabalhadores e trabalhadoras, do campo e da cidade. O povo grita porque o povo quer comer. O povo grita porque não quer morrer. Não quer morrer de Covid-19 como foi a opção do governo Bolsonaro. O povo não quer morrer de fome. O povo quer trabalhar. Essa crise foi uma opção do Bolsonaro em fazer o trabalhador pagar a conta”, destacou.

 

 

Para Angela Comunal, da Associação de Mulheres Maria da Glória, o Grito será um espaço importante para reivindicar políticas públicas de segurança alimentar. “Nós vamos no Grito falar que as mulheres, que a população está com fome. E que é necessário que tenha uma política voltada para essa população que não têm outro jeito de comer a não ser solidariamente.”.

 

“Inclusive nós vamos, com apoio de parceiros, fazer marmitas para compartilhar no ato. É muito importante que esse grito seja no Partenon, nessa periferia que sofre tanto com a falta de políticas públicas”, disse. Ela informou que a associação possui a sua própria cozinha comunitária, localizada no Morro da Cruz.

 

Liderança do Coletivo Feminista Outras Amélias, a costureura Helena Fagundes ressaltou que o Grito também se compromete com a luta das mães que perderam seus filhos por violência policial, fazendo referência ao caso recente do jovem assassinado em São Gabriel com golpe na região cervical por brigadianos.

 

 

“Como mãe e moradora de periferia, meu coração sangra ao ver nossos filhos sendo tirados por uma polícia fascista, racista, com tanto ódio. Então, no dia 7, vamos dizer que as mulheres, principalmente nós, mulheres negras, não aguentamos mais pagar essa conta”, salientou.

 

Conforme os organizadores, é essencial a participação dos jovens para unificar a luta. Para o representante do Levante Popular da Juventude,Victor Lisboa, “se a gente contribuir com essas lutas importantes, a gente vai ser ouvido. É a nossa juventude que está passando fome, que está nas esquinas, entrando para o tráfico para poder comer. É importante a participação da juventude para que a gente possa falar sobre os nossos direitos”.

 

Assista à transmissão

 

 

Fotos: Carolina Lima / CUT-RS | Fonte: CUT-RS com Brasil de Fato