Após cinco reuniões, o Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SindJoRS), o Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas no Estado do Rio Grande do Sul (SindiJoRe) e o Sindicato das Empresas de Rádio e TV do Rio Grande do Sul (SindiRádio) entraram em acordo para a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) 2025/2026, que fez parte da Campanha Salarial Nacional Unificada das/os Jornalistas 2025 junto à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Na reunião realizada nesta quinta-feira, 31, ficou estabelecido o reajuste em 100% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do período, ou seja, 5,32%, a partir da próxima folha de pagamento, com abono linear de R$ 150. Nas cláusulas sociais, ficou acordado o aumento de um dia em relação ao prazo de afastamento em caso de falecimento de familiar já permitido pelo Art. 473 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

 

A negociação foi marcada pela dificuldade dos sindicatos patronais chegarem ao índice completo e sem parcelamento, algo que o SindJoRS deixou claro que seria o mínimo, considerando a proposta inicial apresentada, de aumento real de 10% (veja AQUI a pauta completa apresentada). Na segunda reunião, em contraste, SindiJoRe e SindiRádio não só negaram aumento real como partiram de 80% do INPC, parcelado em duas vezes, a segunda somente em 2026. “Insisti até o último momento no parcelamento”, relatou o advogado Ary dos Santos, ao chegar, enfim, aos 100%, no quinto encontro com o SindJoRS.

 

Considerando o novo índice, o piso de jornalistas que atuam na Capital fica reajustado para R$ 3.534,63 e, no caso dos que atuam no Interior, para 3.009,83. Os valores são referentes à folha de agosto, com pagamento em setembro. Também será pago o abono de R$ 150, em todos os casos. A CCT 2024/2025 havia sido prorrogada até setembro (veja AQUI), mas fica mantida a data-base de junho.

 

A presidenta do SindJoRS, Laura Santos Rocha, lamentou não ter sido possível aumento real e nem inclusão de cidades maiores – Canoas, Caxias do Sul, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Rio Grande, Pelotas e Santa Maria – como previa a proposta do Sindicato, ao piso pago na Capital. “Apesar disso, conseguimos que o Rio Grande do Sul não se tornasse o único estado a fechar a negociação salarial do ano abaixo da inflação. Também foi importante mostrar que o parcelamento não é uma opção. E o dia a mais de afastamento em caso de falecimento de familiar, embora pouco, vem somar”, completou a presidenta. SindJoRS e Fenaj apresentaram, durante a negociação, o quadro nacional (veja AQUI), com os acordos fechados até o momento, nenhum abaixo do INPC.

 

A dirigente também relata a importância de não ter sido perdido nenhum direito já estabelecido nas cláusulas sociais dos últimos anos e de ter ficado aberto o diálogo para resolver outras questões caras à categoria dentro de uma negociação paralela, que deve acontecer dentro da Comissão Paritária estabelecida na CCT 2023/2024. A principal delas é o retorno da Tabela de Serviços.

 

“Ficou acordada nesta última reunião que esta comissão irá tratar desse tema já no primeiro encontro, marcado para setembro, mês de aniversário do SindJoRS”, explicou Laura. Este item é um dos pontos incluídos na Campanha Nacional liderada pela Fenaj e a intenção é incluir como anexo à CCT ainda este ano, após as discussões com os sindicatos patronais. “Esta foi a forma que encontramos de não deixar o tema de lado mas também de não atrasar a aprovação do reajuste e demais cláusulas importantes para as e os jornalistas”, complementou a sindicalista.

 

Além da tabela, devem ser discutidos na comissão outros temas que costumam, segundo os advogados patronais, necessitar de “mais tempo de debate”. Entre eles, o transporte noturno, pagamento de vale alimentação, inclusão de cidades maiores ao piso da Capital, e também a situação de jornalistas com contrato de trabalho hipersuficiente.

 

Algumas outras pautas menos complexas mas que dependem do aval das empresas também devem ser discutidas na comissão, como ações em prol da saúde mental, especialmente no contexto da Norma Regulamentadora nº 1 (NR1), aproveitando o convênio com o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), que prevê, por exemplo, visitas às redações (saiba mais AQUI). “São ações que inclusive beneficiam o empregador, já que ajudam a evitar afastamentos”, lembrou Laura, destacando que uma visita já foi feita e que a ideia é reproduzir isso em mais redações (confira AQUI). Outro item diz respeito ao repasse de informações, pelas empresas, quanto aos descontos efetuados em folha.

 

O vice-presidente Pedro Dreher também manifestou, desde o primeiro encontro, que os advogados dos sindicatos patronais devem reforçar aos seus representados que os signatários das empresas devem cumprir o acordado na CCT. “Houve relatos de empresas que não estavam cumprindo cláusulas como a relativa a viagens e alimentação durante esses afastamentos”, afirmou. Dreher também ponderou que o abono é mais benéfico que o parcelamento. “Deixar para receber no próximo ano seria prejudicial”, complementou.

 

O advogado do SindJoRS, Antonio Carlos Porto Jr, avaliou como positivo o desfecho do acordo, considerando complicações que não só um valor menor que o INPC como um eventual parcelamento causariam à categoria. “Também destaco que as negociações foram firmes e respeitosas, resultando em um desfecho positivo e maior respeito nas reuniões, como os próprios advogados patronais reconheceram, e isso é mérito desse grupo que vem negociando nos últimos anos”, avaliou Porto.

 

Acompanhe no site do SindJoRS, no menu Serviços – Convenção Coletiva (AQUI) a publicação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) 2025/2026, com todas as cláusulas atualizadas, tão logo ela tenha sua redação finalizada e homologada no sistema Mediador do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

 

Texto: Letícia Castro / Diretoria SindJoRS