O ano de 2025 foi um período em que o Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SindJoRS) enfrentou desafios e obteve várias conquistas. E as dificuldades financeiras, que refletem na estrutura sindical, geraram inúmeros desafios, que foram enfrentados com criatividade e muito comprometimento da diretoria do Sindicato. E tais dificuldades financeiras promovidas, principalmente, pela Reforma Trabalhista de 2017, que atacou frontalmente os sindicatos de todo o Brasil, não configuram uma realidade exclusiva da entidade. Mas, se por um lado o SindJoRS teve desafios, por outro teve superações, refletidas em conquistas como o pagamento de dívidas históricas da entidade; a retomada da presença no interior; a reaproximação com as universidades, outros sindicatos e movimentos sociais; o fortalecimento da comunicação sindical e a participação no Congresso Nacional dos Jornalistas, com aprovação de duas teses, foram algumas das vitórias desse período.
Perspectiva de um orçamento melhor para 2026
Com a quitação de dívidas históricas por parte do SindJoRS, a perspectiva é de que o orçamento da entidade tenha recursos para serem investidos em outras áreas no ano de 2026. A virada começou na gestão 2019/2022, com a presidência de Vera Daisy Barcellos e a vice, Laura Santos Rocha. A reorganização interna permitiu levantar todas as dívidas, ajustar os processos contábeis e cortar gastos, abrindo espaço para parcelamentos e renegociações. “O SindJoRS encerrou, neste mês de novembro, um dos capítulos mais desafiadores de sua história recente: o pagamento da última parcela da dívida com o INSS. A guia de número 60 foi quitada e marca o fim de um passivo que comprometia o orçamento da entidade, mantinha alienada a sede de Pelotas e consumia grande parte dos esforços administrativos”, explica a presidenta, Laura Santos Rocha.
Com a conclusão desse compromisso e a quitação de outras pendências acumuladas ao longo dos anos, a direção do Sindicato projeta a possibilidade de reorganizar seu planejamento e direcionar energias para novas ações voltadas às sindicalizadas e aos sindicalizados, além do fortalecimento da atuação sindical. A 1ª tesoureira do sindicato, Silvia Fernandes, ressalta que a situação orçamentária ainda requer muita atenção ao controle financeiro e administrativo. “Após o acordo coletivo finalizado, o recebimento da cota de solidariedade terá início neste mês de dezembro e a arrecadação é o que balizará a definição das ações no seminário de planejamento da gestão 2025/2028, que ocorrerá em breve”. Ela manifesta ainda que: “com a dívida histórica finalmente encerrada, o desafio é criar um cenário financeiro menos vulnerável, no qual a entidade possa ampliar ações e manter a entidade sindical viva e atuante”, projeta Silvia Fernandes.
Eleições às Delegacias Sindicais e Regionais
Mesmo com dificuldades financeiras, por conta de um orçamento enxuto, o SindJoRS retomou a presença no interior do estado com a realização de visitas em várias redações e assessorias de comunicações de sindicatos; reuniões e atividades com docentes e discentes de cursos de jornalismo; defesa da comunicação pública e do jornalismo profissional; defesa da previdência como um direito humano e a luta em conjunto com outros sindicatos e movimentos sociais; a defesa da Palestina livre e contra o genocídio promovido pelo Estado de Israel, entre tantos outros temas. E toda essa presença no interior culminou com uma boa articulação para as eleições às Delegacias Sindicais e Regionais da entidade, em que o SindJoRS ampliou a participação em redações da capital e em regiões do estado.
E nos dias 16 e 17 de dezembro, foram eleitos às Delegacias Regionais: Rochele Souza Barbosa, delegada pela Regional Campanha; Yuri dos Santos Weber, delegado, e Mateus Campos de Azevedo, secretário pela Regional Centro; Jian Moraes, da Regional do Vale do Rio Pardo e Edson Luiz Rosa, delegado pelo Alto Uruguai. Niara de Oliveira, de Pelotas, e André Zenobini, da Regional Litoral Sul, já integram a diretoria da entidade e, portanto, ficarão responsáveis por essas regiões até ocorrer novo processo eleitoral com candidatos e candidatas da categoria. Da mesma forma, foram eleitos para as Delegacias Sindicais: Jonas Ribeiro de Campos, do Grupo RBS; Alexandre Leboutte da Fonseca, redação da TVE-RS e FM Cultura; Marco Alexandre Bocardi, pela redação do SBT-RS; Cristiano Corrêa de Abreu, do Jornal Correio do Povo, e Alander Aguiar Diaz, da Record TV. Todas essas redações têm sede em Porto Alegre. O 1º secretário executivo e responsável pelo Núcleo de Delegacias Regionais, Mateus Azevedo, comemora a ampliação de representatividade nas redações e regiões do interior e vislumbra melhores condições orçamentárias para a ampliação desse trabalho. “Com a possibilidade de um orçamento mensal mais robusto, poderemos investir mais em atividades no interior do estado e, assim, aproximar mais o SindJoRS da categoria. E isso, com certeza, fortalecerá, ainda mais, o jornalismo profissional e o enfrentamento às lutas que estão postas”. Todas e todos tomaram posse nas delegacias sindicais e regionais na última reunião de diretoria executiva ampliada, que ocorreu dia 23 de dezembro, terça, com o espírito de trabalho em equipe em prol do jornalismo e da categoria.
Diálogos Universitários
A direção do SindJoRS percebeu a necessidade de se aproximar, cada vez mais, da academia, na perspectiva de colaborar com professores e estudantes na qualificação dos futuros e das futuras jornalistas e na defesa, intransigente, do jornalismo profissional. Mas, também, para conclamar estes para que se somem nas lutas importantes a nossa categoria: aprovação da PEC do Diploma no Congresso Nacional, que exige a retomada do diploma para o exercício da profissão; contra a pejotização, forma que burla as leis trabalhistas, contratando os profissionais como Microempreendedores Individuais (MEI), mantendo as relações patrão/empregado e retirando destes as garantidas da Consolidação das Lei do Trabalho (CLT); além de outras bandeiras históricas.
Sendo assim, durante esse ano, foram realizadas atividades com professores e estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que debate os 61 anos de ditadura civil-militar no Brasil; com os cursos de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e da Unipampa, em que se discutiu o suicídio na mídia e a qualidade de vida no trabalho, respectivamente. E também foi criado, através do Núcleo de Universidades e Estudantes da entidade, o projeto “Diálogos Universitários”, que visa sistematizar ações e termos de cooperação entre o SindJoRS e as universidades gaúchas. E nesse segundo semestre, já foi realizada uma primeira reunião com professores universitários. O evento aconteceu, de forma on-line, no dia 23 de outubro, onde foram debatidos vários temas que podem potencializar essa parceria. E a intenção do Sindicato é que, em 2026, mais encontros com docentes e discentes sejam realizados e que destes possam surgir cooperações que potencializem o jornalismo profissional. “Por entender que o futuro da profissão e da luta sindical passa pela academia, é que o SindJoRS formulou esse projeto. Esperamos que os diálogos com a universidades rendam bons frutos em 2026”, deseja o 1º secretário executivo do SindJoRS, Mateus Azevedo.
A versão das e dos jornalistas
A comunicação para com a categoria e a sociedade também é uma ação que necessita ser ressaltada. Nesse segundo semestre, o podcast do SindJoRS, denominado de Versão de Jornalistas, foi retomado com a ancoragem da jornalista Denise Ritter e abordou temática sobre a consciência negra, tendo como coapresentadora Simone Ramos, jornalista da ADUFRGS-Sindical e integrante o Núcleo de Jornalistas Afro-brasileiros do SindJoRS, e como entrevistado Wagner Machado, secretário-adjunto e diretor de jornalismo da Comunicação da UFRGS.
Já o tradicional jornal Versão de Jornalistas, editado pela jornalista Mônica Cabañas, também foi retomado, há algum tempo, e funciona de forma on-line, com uma periodicidade trimestral. Este veículo tem abordado temáticas importantes que envolvem os e as jornalistas, como as dificuldade e injustiças do mundo do trabalho; as enchentes que assolaram o estado em 2024; a violência sofrida por profissionais da comunicação no Brasil, em Gaza e em outros países, entre outras pautas de relevância. E no aniversário do SindJoRS, comemorado em 23 de setembro e em que a entidade completou 83 anos, foi realizada uma live em que se debateu os desafios profissionais para a cobertura da COP 30 e foi lançado um caderno especial do Versão, como é carinhosamente chamado, sobre mesmo tema. E esse empenho da direção na produção de um periódico com qualidade e ética profissional tem dado resultado. Em comparação com 2024, o Jornal Versão de Jornalistas teve, nesse ano de 2025, um aumento na sua visualização. Foram 1.070 acessos, em 2025, contra 599 acessos, em 2024. E esse compromisso comunicacional também se refletiu no site do SindJoRS, com um aumento de 4 mil acessos, em 2025, comparado a 2024. O que significa, em números reais, uma evolução de 37 mil para 41 mil visualizações.
A defesa de 25h semanais para jornalistas que atuam no serviço público
O SindJoRS marcou presença no 40º Congresso Nacional dos Jornalistas, ocorrido em Brasília (DF), de 10 a 13 de dezembro. Representaram a entidade como delegadas a 1ª tesoureira do SindJoRS e integrante da Comissão de Ética da Fenaj, Silvia Fernandes, e a integrante do Núcleo de Relações Institucionais do SindJoRS e da Vice-presidência Sul da Fenaj, Stela Pastore.
E as duas delegadas, com o apoio de outras delegações regionais, aprovaram duas teses que versam sobre os seguintes temas: defesa do cumprimento de 25h semanais para jornalistas que atuam no serviço público e a constituição de um comitê jurídico nacional, encabeçado pela Fenaj, para questões judiciais que perpassam vários sindicatos estaduais. Também foi aprovada uma moção de apoio à TVE-RS e FM Cultura.
Compromisso de luta pela categoria reafirmado
Esse ano foi de eleições para as direções dos sindicatos e da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). E tanto o SindJoRS e quanto a Fenaj reconduziram suas presidentas Laura Santos Rocha e Samira de Castro, respectivamente, para um novo mandato de três anos, “reforçando o protagonismo feminino na categoria”, pontua Laura Santos Rocha. As eleições aconteceram em julho e a nova gestão local foi empossada em 1º de agosto. Neste ano, assim como tem ocorrido nos últimos anos, a entidade lutou contra a precarização da profissão. Essa precarização decorre de vários fatores: contratações feitas de forma a burlar a convenção coletiva e a jornada de trabalho específica da profissão; a emissão indiscriminada de registros profissionais; a inexigência de diploma; e a ainda a discussão sobre a pejotização no Supremo Tribunal Federal, que afeta grande parte dos profissionais de comunicação. “Preocupa muito que possam ser referendadas contratações que não são de empresas e sim contratações mascaradas para fugir de obrigações da CLT”, comenta Laura Santos Rocha.
O Sindicato também dispensou atenção a questões relativas à disseminação de informações falsas, judicialização do jornalismo, ataques à liberdade de imprensa e exercício profissional, inclusive casos específicos de gênero, e mais recentemente as transformações tecnológicas, destacando, agora, o uso de inteligência artificial, que gera preocupação tanto quanto a postos de trabalho como em relação à qualidade do jornalismo profissional e da informação que chega à sociedade.
Vitória importante, mas aquém do que a categoria merece e necessita
Esse período também foi de negociação da Convenção Coletiva de Trabalho 2025/2026. E, depois de vários encontros virtuais entre a direção do SindJoRS e representantes das empresas de comunicação, foi conquistado 5,20% de reposição integral da inflação do período; aumento em diárias e vale alimentação em viagens; um dia a mais para licença por falecimento de parente, entre outras conquistas. “Mais uma vez foi um processo difícil, em que foi garantido o reajuste da inflação do período e a manutenção das cláusulas sociais, anualmente ameaçadas durante o processo de negociação”, relata Laura. Mas, por mais difíceis que sejam essas negociações, o SindJoRS seguirá lutando por melhores salários e condições laborais mais qualificadas para as e os jornalistas gaúchos.
Boas Festas!
O SindJoRS deseja a toda a categoria um feliz Natal e um Próspero Ano Novo. Informamos que estaremos de recesso de final de ano entre os dias 23 de dezembro de 2025 e 11 de janeiro de 2026. Mas, a atenção e o cuidado com a categoria não entram em recesso. Por isso, estaremos em regime de plantão, para atender demandas urgentes, através dos contatos (53) 99706.2497 / (55) 99919.0368, com Mateus Azevedo, e (51) 99174.3053, com Laura Santos Rocha.
Texto: Mateus Azevedo | Diretoria SindJoRS