Os participantes do painel Combate às Fake News aprovaram, por aclamação, o  Manifesto em Defesa da Verdade, contra a Desinformação e pela Democracia. O texto foi apresentado durante o evento realizado na terça-feira, dia 4 de junho, no auditório da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre.

 

O debate foi organizado pelo Comitê Gaúcho do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) com o apoio com o apoio da Fabico, Unisinos, Movimento 3D – Democracia, Diálogo e Diversidade, Associação de Juristas pela Democracia (AJURD) e Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito.

 

Além de apontar os estragos da desinformação, o texto apresentado pelo advogado e integrante da AJURD Mário Madureira denuncia as notícias falsas, salientando “a confusão e a desorientação ao debate democrático nas decisões do cidadão-eleitor, interditando o discernimento de grandes parcelas da população em lugar de orientar e esclarecer as ações políticas”.

 

Os organizadores indicam que não basta organizar e participar do evento sobre fake news.  “É necessário um processo contínuo, agregador e participativo e com um propósito claro. Propõe a união de entidades, blogs, mídia independente e pessoas empenhadas em fazer avançar o conhecimento e o enfrentamento à desinformação.”

 

Por fim, o manifesto aponta “a criação de um movimento de combate às fake news, aberto à participação de todas as entidades, instituições e organizações sociais comprometidas com a luta em defesa da verdade, contra a desinformação, a favor da liberdade de expressão e do direito à informação e pela democracia”.

 

Confira a integra do manifesto!

 

MANIFESTO EM DEFESA DA VERDADE, CONTRA A DESINFORMAÇÃO E PELA DEMOCRACIA

 

A manipulação dos meios de comunicação e o uso massivo e orquestrado das redes sociais para difusão de notícias e informações falsas, marcadas por ódio, intolerância e preconceitos, por meio de tecnologia avançada e com financiamento de grandes grupos econômicos com o claro objetivo de agredir pessoas, partidos e movimentos sociais e enganar a população, têm sido empregado em várias partes do mundo para fraudar o processo eleitoral e a própria construção da opinião pública, deturpando a vontade popular de tal forma e magnitude que tem levado países a se deparar com governos autoritários e com projetos que retiram direitos e que não seriam aprovados nas urnas, sem tais ardis.

 

Sem propostas políticas para o bem da maioria, acabam abrindo espaço para o simplismo político e o maniqueísmo religioso, dominado, no entanto, por minorias muito ricas, afoitas em aumentar seus privilégios, mesmo que à custa da pauperização da população e do comprometimento do próprio processo civilizatório.

 

Tudo isso tendo como suporte engrenagens complexas, novas, que lançam mão de tecnologias com capacidade e grau de alcance pouco conhecidos da maioria.

 

Uma vez que o processo de desinformações (fake news) confunde e desorienta o debate democrático e o processo de decisão do cidadão-eleitor, interditando o discernimento de grandes parcelas da população em lugar de orientar e esclarecer as ações políticas, consideramos:

a) Conhecer o processo e a abrangência dessa máquina de fabricação e propagação de falsas notícias que tem efetivado o avanço desse estado de decadência, de descontrole e de persuasão através da mentira, do preconceito e do ódio;

b) Entender seu funcionamento, pesquisar suas fontes, seu financiamento, fragilidades, para então, buscar normas, leis e demais ferramentas democráticas, capazes de desnudar, conter e desmontar esse processo que adultera a vontade popular;

c) Congregar instituições sociais, associações e coletivos diversos, partidos, universidades, sindicatos, igrejas, meios de comunicação e outros segmentos para enfrentar e resistir de forma organizada e fundamentada às noticias falsas;

d) Estimular a criação de mecanismos que permitam, de forma séria e responsável, romper com esses meios nocivos e reconstruir uma consciência de desenvolvimento com soberania e inclusão social e de resistência aos ataques anticivilizatórios.

 

Por isso, pretendemos trabalhar em conjunto com as demais iniciativas no sentido de conhecer, entender e enfrentar esse processo tão nefasto. Precisamos agregar conhecimentos, referências e experiências exitosas para, juntos, construirmos a defesa da verdade, a restauração e o fortalecimento da democracia em nosso país.

 

Não podemos ficar por aqui, satisfeitos em apenas participar deste evento. Será pouco frutífero, se não resultar um processo contínuo, agregador e participativo de ação efetiva, com um propósito claro. E somente será eficiente se conseguirmos um movimento com dimensão nacional.

 

Há que se juntar entidades, blogs, mídia independente e pessoas empenhadas em fazer avançar o conhecimento e o enfrentamento à desinformação. É preciso organizar atividades e mesmo sistemas de estudo, divulgação da verdade e denúncia das desinformações. Se necessário, será conveniente até institucionalizar a atividade do conjunto amplo e plural de meios de comunicação, universidades e organizações da sociedade civil, dispostos a lutar por uma comunicação verdadeira e democrática.

 

Propomos a criação de um movimento de combate às fake news, aberto à participação de todas as entidades, instituições e organizações sociais comprometidas com a luta em defesa da verdade, contra a desinformação, a favor da liberdade de expressão e do direito à informação e pela democracia.

 

Porto Alegre, 4 de junho de 2019.

– Comitê Gaúcho do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC)

– Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS)

– Central Única dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (CUT-RS)

– Sindicato dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (Sindsepe-RS)

– Conselho Regional de Serviço Social (Cress-RS)   

– Movimento 3D – Democracia, Diálogo e Diversidade

– Associação de Juristas pela Democracia (AJURD)

– Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito

 

Mário Madureira, advogado e integrante da direção da AJURD, que fez a leitura do manifesto.

 

Leia aqui a matéria completa sobre o evento.

 

Fonte: SINDJORS