A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e os Sindicatos dos Jornalistas Profissionais no Estado do Rio Grande do Sul (SINDJORS) e do Município do Rio de Janeiro lamentam a morte do jornalista Jorge Roberto Freitas, 67 anos, nesta madrugada, em Brasília, vítima de complicações respiratórias decorrentes de enfisema pulmonar.

 

Jorge Freitas atuou no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro e Brasília. Em 2016, em depoimento a também jornalista Isabel Clavelin, contou:

— Eu decidi ser jornalista porque tive informação de que por meio do jornalismo eu poderia transformar o mundo. E a minha preocupação à época, embora já sentisse reflexo do racismo, a minha preocupação era em relação à pobreza, né? À desigualdade racial. Havia uma música até que falava: “esse jornal é o meu revólver”. Uma música cantada, acho até, que pelo Milton Nascimento ou pelo Zé Rodrigues. Eu gostava muito dessa música e muita dessa frase, desse verso: ‘esse jornal é o meu revólver’. E a partir daí eu fui fazer Jornalismo, né?

 

Gaúcho, diplomado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e mestre em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) iniciou sua carreira no Rio Grande do Sul na década de 1970 no jornal Zero Hora e, posteriormente, na Rádio Guaíba, Última Hora, Coojornal, Rádio Gaúcha e Rádio Continental. Foi diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Rio Grande do Sul e um dos fundadores da extinta revista Tição – destacada publicação editada pelo movimento negro brasileiro no final dos anos de 1970.

 

Na década de 1980 mudou-se para o Rio de Janeiro, atuando no Jornal do Commercio, na Gazeta Mercantil e nas assessorias do ministério da Integração Nacional e do Governo do Estado do Rio de Janeiro. No Rio, no campo sindical, deu importante contribuição ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município Rio, onde foi diretor. Apoiou a Cojira-Rio, ajudou a criar um cineclube que levou para debates, entre outros, o diretor Nelson Pereira dos Santos.

 

Em Brasilia atuou no Correio Braziliense e na assessoria de imprensa da Secretaria de Fazenda do Distrito Federal. Também foi professor no curso de jornalismo do Uniceub.

 

Atualmente, aposentado, Jorge Roberto Freitas integrava a Comissão Eleitoral Nacional (FENAJ).

 

O jornalista e pesquisador deixa também como legado o livro “A imprensa negra: a trajetória visível”, de sua autoria, uma das publicações da série Cadernos do CEAP que integram parte do projeto Camélia da Liberdade. Nesta publicação, faz uma radiografia da imprensa negra na sociedade brasileira desde 1882 com o empresário Paula Brito, “sempre produzida e voltada para atender o universo ‘invisível’ da comunidade afro-brasileira”.

 

Dono de um humor refinado, sorriso largo, apreciador de cinema e olhar atento à realidade do país e ao Internacional, clube do seu coração, era casado com a professora da UnB Maria Conceição Silva Freitas e pai de José Vicente.

 

O velório será realizado neste domingo, 14/04, das 9h às 10h30, na capela 6 do cemitério Campo da Esperança – Asa Sul, com sepultamento às 11h, em Brasília.

 

Fonte: FENAJ