Ao celebrar a data de 20 de novembro, considerada o DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA, no Brasil, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS – Sindjors, trata o tema persistindo na reflexão sobre as condições das pessoas negras, profissionais jornalistas, que, ainda hoje, em pleno ano de 2020, buscam entrar no mercado de trabalho e continuam invisíveis nas redações, como mão de obra.
Desde 2001 – quando foi criado o Núcleo de Jornalistas Afro-brasileiros, por iniciativa das jornalistas Jeanice Dias Ramos e Santa Irene Lopes, no Sindjors, a partir do I Fórum Social Mundial – até hoje, há, certamente, nos registros de avanços, o reconhecimento dos saberes, experiências e o incentivo de abertura de novos espaços de participação nos veículos midiáticos locais, nos quais enfrenta-se, ainda, discriminação e exclusão de negros e negras no acesso às redações.
Pode-se afirmar que pequenos detalhes, como o registro da identificação étnica de cada associado, na ficha de cadastro de filiação do Sindicato, além da realização de eventos pontuais de promoção de igualdade racial, significaram boas mudanças internas, desde gestões anteriores, para que ações fossem fortalecidas em vários congressos nacionais da Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ. Os resultados foram as diversas conexões com as Comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial – COJIRAS – e na formação final da Comissão Nacional pela Igualdade Racial – CONAJIRA/FENAJ -, oriundas das mobilizações de jornalistas negros e negras sindicalistas de diferentes regiões do país.
Esses eventos continuam agregando ao movimento de enfrentamento à discriminação racial e ao racismo, impregnados na sociedade em geral, e na própria categoria. Por isso, vale salientar o protagonismo deste Núcleo de Jornalistas Afro-brasileiros do Sindjors em ações como a realização de seminários, a formação sobre gênero, raça e etnia, a participação na Marcha das Mulheres Negras – contra o racismo, a violência e pelo bem-viver, em 2015, e outros eventos estaduais e nacionais. Como demarcada está, também, a representação do Sindjors em diversas comissões de avaliação de cotistas da capital e do Estado, assinando participações nos conselhos municipais e estaduais – Cnegro e Codene, entre outros.
São significativas atuações, desde a fundação do Sindjors, há 78 anos, e que tem, no registro de sua história, presidentes negros, como João Borges de Souza (gestão 1974-1977); Renato Nunes Dorneles (gestão 1994-1995); e José Maria Rodrigues Nunes (gestões 2007-2010 e 2010-2013), além da atual presidenta, Vera Daisy Barcellos. Todos os nomes expressivos na imprensa gaúcha, e, igualmente, merecedores de reverência na luta sindical, principalmente, no fortalecimento da profissão, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul e da Federação Nacional dos Jornalistas.
Ao longo do tempo de existência, o Núcleo dos Jornalistas Afro-brasileiros do Sindjors, por meio da sua representação, vem pautando a mídia gaúcha, para que adote, no seu noticiário, a perspectiva de gênero, raça e etnia, e que suas fontes contemplem, igualmente, negros e negras. Por fim, também atua fortalecendo o ideário de que o sindicato é base de fortalecimento para os/as jornalistas, na defesa dos direitos trabalhistas e da igualdade racial no mercado de trabalho.
Texto: Neusa Ribeiro/Diretora Sindjors