Resistência, reinvenção e resiliência. Estas podem ser as palavras que melhor definem esta gestão do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS (Sindjors) durante 2021. Iniciamos o ano exigindo VACINA JÁ contra a Covid-19, para os jornalistas e toda a população, na tentativa de amenizar a maior e mais grave crise humanitária dos últimos tempos. Encaminhamos ofício para as autoridades estaduais e municipais, requisitando que profissionais de imprensa das iniciativas pública e privada, que atuam na linha de frente da cobertura da pandemia, tanto na capital quanto no interior, estivessem incluídos entre os grupos prioritários. Proteger as pessoas e comunicar esta calamidade, que acentuou as condições de miserabilidade da população, foram os mantras do Sindjors. E, mesmo assim, pouca visibilidade tivemos dos veículos de comunicação. Restrições foram impostas, assegurando o trânsito de quem precisava circular, e procuramos, da melhor forma possível, fazer a nossa parte, mantendo o isolamento social para evitar a disseminação desta doença tão cruel. E, com o caos instalado, criamos alternativas.

 

Chegamos em novembro de 2021 com números catastróficos: mais de 610 mil mortos, no Brasil e, aproximadamente, 36 mil mortos no Rio Grande do Sul. Desde o início da pandemia, o país teve 278 óbitos de jornalistas, pela doença, sendo 199 nos sete primeiros meses deste ano. Este resultado mantém o Brasil como o país com o maior número de jornalistas vítimas da Covid-19 no mundo. São dados apresentados na terceira atualização do levantamento sobre as mortes por Covid-19 entre os profissionais, feita pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), por meio de seu Departamento de Saúde e Segurança, realizado no mês de agosto. Mas, para nós, não são apenas números. Estas informações representam famílias de jornalistas que perderam seus pais, filhas e filhos, parentes, amigas e amigos. E é com esta seriedade que enfrentamos o problema. Neste período, mesmo de forma remota por videoconferências, fizemos o nosso possível, com toda a dedicação. Divulgamos bolsas, cursos, concursos, oportunidades, convênios, denunciamos ataques aos jornalistas, censuras e, infelizmente, noticiamos a morte de colegas tão queridos.

 

No entanto, também tivemos conquistas a celebrar, como a ação exitosa da Delegacia Regional de Rio Grande, que conseguiu incluir, no grupo prioritário para vacinação, radialistas, técnicos e operadores; jornalistas, repórteres ou técnicos operadores cinematográficos, comprovando registro da entidade de classe (carteira Nacional de Jornalista, Sindicato dos Radialistas) ou registro profissional na carteira de trabalho, e/ou declaração do veículo de imprensa onde prestam serviço, para receber o imunizante.

 

AÇÕES ESPECÍFICAS – CONTATO COM AS REDAÇÕES
Recebemos inúmeras denúncias, muitas anônimas, e desenvolvemos uma sistemática de contato direto com as empresas de comunicação no Estado para assegurar o cumprimento das medidas assecuratórias da saúde das e dos trabalhadores. Reforçamos a necessidade das redações gaúchas seguirem os protocolos de distanciamento social, de distribuição de EPI’s, de álcool gel e máscaras para garantir a saúde de jornalistas em seus locais de trabalho. Mantivemos um canal de comunicação e de acolhimento, de forma virtual, o PAPO RETO COM JORNALISTAS, com a participação da psicóloga Thiele da Costa Müller Castro, mestre e doutoranda em Psicologia Social e Institucional pela Ufrgs, para que a categoria pudesse trocar ideias, tirar suas dúvidas e poder ser ouvida em momentos de apreensão, de angústia e de dor. Debatemos sobre as dificuldades enfrentadas, depois de praticamente um ano da chegada da pandemia: demandas/necessidades por empresa e os pontos para a construção da pauta de reivindicações para o Acordo Coletivo 2021/2022. Foi, também, por meio de uma live, onde debatemos o papel do jornalismo, as mudanças, a responsabilidade, a valorização, a cobertura da pandemia, as fake news e a importância da informação de qualidade para a sociedade e a liberdade de imprensa, que o Sindjors marcou o Dia do Jornalista.

 

Tivemos discussões intensas, principalmente no mês de março, sobre a luta das mulheres, em todo o mundo, pelo direito de participar, em igualdade com os homens, dos espaços de decisão política, econômica e social tratando, amplamente, sobre a participação feminina na vida sindical. O estudo da Universidade Federal de Santa Catarina – Perfil do Jornalista Brasileiro –, de 2012, aponta que “os jornalistas brasileiros são uma categoria profissional predominantemente feminina, jovem e branca, com 64% de mulheres e 36% de homens”. Pensando nisto, também ampliamos o debate sobre “Feminismo e Masculinidades”, para incentivar a mudança desta cultura, levando ao empoderamento feminino e ao alerta sobre as novas formas de violência que a mulher sofre.

 

CONVENÇÃO E ACORDOS COLETIVOS
Participamos de rodadas de negociações de acordos coletivos com a Corsan e com o Grupo CEEE. Dialogamos com a categoria a necessidade de uma discussão ampla com a patronal sobre o teletrabalho. Mantivemos conquistas históricas, adquiridas ao longo do tempo, como auxílio-creche, salário-substituição, horas extras contratuais, sistema de descanso remunerado, dentre outras. O resultado, embora não seja o ideal – reivindicado, na primeira mesa de negociação com a patronal, pelo Sindjors –, resultou excelente, diante do cenário econômico atual e dos demais acordos realizados pelos jornalistas, em outros estados brasileiros.

 

JORNALIZE-SE
O projeto Jornalize-se foi implantado com o objetivo de aproximar os estudantes de jornalismo do Sindicato que os representa, despertando a consciência de classe, além de oferecer conhecimento, por meio de conversas com profissionais que já estão no mercado. Realizamos lives com os temas “Jornalismo Esportivo”, “Protagonismo da Mulher no Jornalismo” e o “Trabalho dos Jornalistas na Cobertura da Pandemia”.

 

FOTOGRAFIA & OUTRAS HISTÓRIAS
Com a certeza de que a pandemia Covid-19 não tolheu o espírito criativo dos profissionais das lentes, o Núcleo de Imagem organizou o evento Fotografia & Outras histórias, que trouxe, como convidados, Roberto Faria (Bahia), Dulce Helfer (Rio Grande do Sul) e Elza Lima (Amazonas). E, neste novo formato, de debates virtuais por meio de bate-papos descontraídos, foi possível atrair e ganhar públicos diferenciados para as atividades programadas, onde as plataformas midiáticas ofereceram inovadores recursos e passaram a ser grandes aliadas na divulgação destes projetos.

 

DEIXA CADUCAR!
Este foi o mote da campanha que o Sindjors, em conjunto com a Fenaj, levou junto às diferentes bancadas do Senado Federal para derrubar os “jabutis” implantados na Medida Provisória nº 1045/21 aprovada, no dia 10/8, pela Câmara dos Deputados e que atacava direitos garantidos à categoria pela CLT – Consolidação das Leis do Trabalho – bem como promoveria uma minirreforma trabalhista, trazendo graves prejuízos à classe trabalhadora. A entidade convocou o apoio e mobilização de jornalistas, bem como da sociedade, para desencadear o envio de mensagens e, igualmente, postagens pelas redes sociais como forma de pressão. E conseguimos derrubar mais este projeto inconstitucional e perverso.

 

COMUNICAÇÃO PÚBLICA E PLEBISCITO POPULAR
O desmonte da Comunicação Pública pautou também os debates da entidade onde servidores da TVE e da FM Cultura lutam incansavelmente pela manutenção dos seus empregos e pela construção de uma comunicação pública de qualidade. A entidade participou da construção do Plebiscito Popular sobre as privatizações no Rio Grande do Sul, com a participação da Central Única dos Trabalhadores – CUT/RS, centrais, sindicatos e federações de trabalhadores, movimentos sociais e partidos políticos, colocando em debate a importância das empresas públicas para o RS.

 

O Sindjors e a Fenaj discutiram com a categoria e com a sociedade a implementação, no país, da Plataforma Mundial por um Jornalismo de Qualidade, proposta apresentada pela Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) a suas entidades filiadas. E, também, apoiamos a “Niara”, personagem da campanha “Tributar os Super-Ricos”, criada para mostrar as faces da desigualdade e apresentar ideias em busca da justiça social. Uma adolescente negra cheia de reflexões e que explica, de forma didática, as distorções na cobrança de impostos no Brasil.

 

79 ANOS
A data, comemorada com uma Live, contou com a participação do cantor Christian Bueller (voz e violão) e da banda de rock Eletroacordes. Com a tarefa de fazer a apresentação do show, o Sindjors teve o jornalista, crítico musical, pesquisador da música brasileira e associado, há 50 anos, do nosso Sindicato, Juarez Fonseca, que conduziu de forma exemplar a atividade com transmissão simultânea e cruzada pelos canais do Facebook e do YouTube. E, encerrando as comemorações, realizamos o “Seminário Internacional Desafios e Oportunidades para Jornalistas num Mundo em Transformação”, proposta idealizada pela sindicalizada Mônica Cabañas, e que teve, na pauta, o debate sobre o mercado de trabalho para os jornalistas em tempos de crise econômica, sanitária, política e social.

 

SERVIÇOS PRESTADOS À CATEGORIA
O Sindjors ofertou aos associados o Curso de Edição Audiovisual com Adobe Premiere Pró CC 2020, ministrado pelo professor Hopi Champman, diretor holandês, fotógrafo, montador e mestre em cinema e tv, pela Universidade de Amsterdan. Também divulgamos o curso de fotografia para iniciantes com o jornalista Claudio Fachel, professor licenciado em História, mestre em História pela PUCRS, autor do livro “Fotojornalismo e Legalidade – 1961” e organizador do livro “Os 50 anos da Legalidade em Imagens”, e que possui trabalhos publicados nos principais jornais e revistas do Brasil e, também, na América Latina e Europa.

 

Na área do lazer, realizamos o convênio com o SESC, para oferecer atividades relacionadas com a promoção da qualidade de vida. Na área de saúde, fechamos parceria com a Polimédica Saúde, para consultas médicas, exames médicos complementares (laboratoriais, raios X, ecografias, eletrocardiogramas, eletroencefalografias), procedimentos ambulatoriais e odontológicos na rede de Pronto Socorro em Porto Alegre e Região Metropolitana. Já estamos projetando, para o próximo ano, novos convênios médicos com cobertura em todo o Estado.

 

Com a implantação do novo sistema operacional, na entidade, conseguimos atualizar o cadastro de sindicalizados, via e-mail, e implementar a regularização financeira possibilitando, assim, o retorno de sindicalizados ativos. Desta forma, duplicamos o número de contribuições financeiras de colegas jornalistas tão necessárias para arcar com os custos e com o enfrentamento da luta sindical. Aplicamos, no site, a sindicalização on-line, modernizando os serviços prestados. Também a confecção de carteiras nacionais e internacionais de Jornalistas não parou: foram 93 solicitações de documentos encaminhadas a Fenaj, nove carteiras solicitadas para a FIJ, 17 registros profissionais por função específica avaliados, nove certidões ético infracionais distribuídas e 34 novas sindicalizações. Tivemos um crescimento, em média, de 65% de jornalistas sindicalizados com seus pagamentos em dia neste ano. 

 

DÍVIDAS HISTÓRICAS
Com o apoio do escritório de contabilidade e com a atuação da nossa tesouraria conseguimos resolver o problema histórico da dívida existente com o INSS, parcelando esta dívida para não prejudicar o fluxo de caixa. Também criamos planilhas para controle da receita e da despesa, operacionalizando e planejando de forma mais efetiva as nossas ações.

 

O ano de 2021 também foi marcado pelo descaso. Um deles é a situação do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA). Eleita no dia 9 de setembro de 2019, a diretoria COMDIM/POA, que tem o Sindjors na presidência, só tomou posse em 15 de julho de 2021, através da Portaria 380/2021, depois de uma violência institucional de 21 meses (14 meses na administração do ex-prefeito Nelson Marchezan Júnior e sete do atual gestor Sebastião Melo).

 

NÚCLEO DE JORNALISTAS AFRO-BRASILEIROS
Neste ano de 2021 as representantes do Núcleo participaram do 2° Enjira – Encontro Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial, quando foi encaminhada a proposição de tese de cota de 20 por cento de negros e negras, preferencialmente, para a diretoria da Fenaj e para a direção dos sindicatos, aprovada no 39º Congresso Nacional de Jornalistas. A partir disso, o Núcleo irá intensificar, junto às bases, ações para fortalecimento de lideranças negras que possam colocar os seus nomes para as eleições de 2022.

 

PARTICIPAÇÃO EM DIFERENTES AÇÕES
Estivemos presentes no 39º Congresso Nacional dos Jornalistas, que aconteceu nos dias 17, 18, 24, 25 e 26 de setembro, e que teve, como tema principal, as mudanças tecnológicas e as formas de financiamento do jornalismo, onde foi apresentada a proposta da Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj de um anteprojeto de lei que estabelece a taxação das grandes plataformas digitais. Com o tema “Desafios da produção jornalística: das mudanças tecnológicas às formas de financiamento”, o evento foi realizado pela  Fenaj, em parceria com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ), com o apoio da Fundação Friedrich Ebert (FES) e da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ). E, também, participamos da 16ª Plenária Nacional da CUT, onde foi firmado, ao longo de quatro dias, os propósitos de reorganizar a atuação sindical, considerando que há um novo cenário no mundo do trabalho, que já se apresentava muito antes da pandemia e se acentuou, sensivelmente, no decorrer de uma das maiores crises sanitárias do planeta.

 

Em um encontro histórico, que não ocorria há alguns anos, os representantes do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas de Porto Alegre – STIGPOA (93 anos), do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS – Sindjors (79 anos), do Sindicato dos Radialistas do Rio Grande do Sul (60 anos) e da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio Grande do Sul – ARFOC/RS (65 anos) reuniram-se, dia 19 de outubro de 2021, para estabelecer um calendário comum de lutas em benefício de suas categorias.

 

Sindjors também é integrante, com suas representações, do Fórum de Mulheres de Porto Alegre, do Conselho Estadual da Cultura, do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, da Comissão de Combate e Enfrentamento ao Racismo da CUT e da coordenação da CUT Metropolitana.

 

E tudo isto só foi possível porque resistimos e, em conjunto, somos fortes: Vera Daisy Barcellos Costa, Laura Eliane Lagranha Santos Rocha, Pedro Guilherme Dreher, Carla Seabra, Milton Siles Simas Júnior, Silvia Fernandes, Eliane Teresinha de Souza Silveira, Emílio Carlos Sales Pedroso, Jeanice Dias Ramos, Jorge Luis Leão Machado, Katia Cilene Marko Andreuchtti, Kátya d’Oliveira Desessards, Márcia Fernanda Peçanha Martins, Márcia Tostes Escobar, Neusa Maria Bongiovanni Ribeiro, Paulo Gilberto Alves de Azevedo, Paulo Ricardo Cunha Mendes, Renato Bohusch, Rosa Maria Pitsch, Yuri Victorino Inácio da Silva, Adroaldo Bauer Spindola Corrêa, Fabiane Maria de Morais Christaldo, Thais Vieira Bretanha, Dolcimar Luiz da Silva, Ana Marta Velleda, Niara de Oliveira, Andrea Muller, Michelle Rossettini, André Zenobini, Letícia Castro, Sérgio Amisani Schueler, Lírian Sifuentes, Cristine Pires, Luciamem Winck, Viviane Finkielsztejn, Escritório Cardeal, Antônio Carlos Porto Júnior, Marcos Pedroso e Vera Spolidoro – representando a Comissão Estadual de Ética. Com seus apoios e participações desenvolvemos planos estratégicos, fortalecemos esta entidade e temos certeza de que poderemos realizar as nossas novas ações para 2022: projetar o futuro e enfrentar desafios. Sim, nós temos nome, lado e a certeza de que vidas importam! Feliz novo ano. JUNTOS, SOMOS FORTES. JUNTOS, SOMOS MAIS!

 

Texto e arte: Laura Santos Rocha/Sindjors