Na quinta-feira (14), mulheres de todos os cantos do Rio Grande do Sul participaram da Marcha do 8M, que se concentrou na Esquina Democrática, Centro Histórico de Porto Alegre, reunindo sindicatos e entidades que responderam ao chamamento da Central Única dos Trabalhadores – CUT, da qual o Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul – SindJoRS é filiado. Dali, a marcha foi até a Ponte de Pedra, junto ao Largo Zumbi dos Palmares.

 

A data foi escolhida após chover, no dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher e muito se relacionou para além da luta das mulheres, mas pela lembrança dos seis anos dos homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A justiça, até hoje, deve à sociedade respostas sobre essas mortes, com contornos de execução, tamanha a crueldade. Agora, o caso foi enviado ao Supremo Tribunal Federal, após ser identificado o suposto envolvimento de pessoa com foro privilegiado, benefício dado a algumas autoridades, como presidente, vice-presidente, ministros de Estado, senadores, deputados federais, integrantes dos tribunais superiores, do Tribunal de Contas da União e embaixadores. Além disso, foi homologada, pelo STF, a colaboração premiada do ex-policial, Ronnie Lessa, que segue preso por ser o atirador. Ele esclarece como foi contratado e por quem. O processo corre em sigilo. O relator do caso, no STF, é o ministro Alexandre de Moraes, que foi sorteado entre os cinco ministros da 1ª Turma. Durante todo o evento do dia 14, Marielle esteve “presente” e foram repetidas as duas mesmas perguntas que já duram seis anos: quem mandou matar? Por quê?

 

A Marcha também fez um alerta sobre a violência de gênero, num momento em que, segundo levantamento do “Fórum Brasileiro de Segurança Pública”, o Brasil teve 1.463 vítimas de feminicídio no ano passado, o que resulta em 1,4 mulheres mortas para cada grupo de 100 mil, número 1,6% maior que o registrado em 2022. Com uma faixa dizendo: “Pela Vida das Mulheres, lute como uma Jornalista”, a representação do SindJoRS se fez presente, liderada pela presidenta Laura Santos Rocha, a terceira mulher a ocupar o posto máximo do Sindicato, em 81 anos de história. Esse recorte mostra que ainda há muito o que conquistar. Além disso, no jornalismo, tem-se maioria de profissionais mulheres, com 58% da categoria, mas apenas 13% dos cargos de chefia nas redações são ocupados por jornalistas do gênero feminino, de acordo com o estudo “Mulheres e Liderança na Mídia: evidências de 12 mercados”, elaborado pelo Instituto Reuters. No levantamento, somente 22% dos 180 principais editores, que lideram os 240 veículos de imprensa analisados, são mulheres, apesar de elas representarem 40% das e dos jornalistas dos 12 mercados.

 

Para a presidenta, Laura Santos Rocha, “é fundamental que se constitua e aprovemos uma Convenção Coletiva de Trabalho, neste ano, com cláusulas que protejam as mulheres, as mães, as mães atípicas, que tenhamos, por parte dos patrões, a compreensão que a equidade salarial é uma obrigação e que alguns benefícios são indispensáveis para as jornalistas mulheres”. A 1ª vice-presidenta, Carla Seabra, reforça que a base para uma boa conversação com os sindicatos patronais é o respeito pelas mulheres. “Quando há respeito, há lugar para o debate, para que sejamos ouvidas; não podemos admitir que as mulheres continuem sofrendo discriminação, assédio moral e sexual, racismo e etarismo, em seus ambientes de trabalho. E sabemos que isso acontece rotineiramente”.

 

Sobre quaisquer casos que possam afetar as mulheres jornalistas, no exercício da profissão, o SindJoRS informa que está atento e de portas abertas para receber as denúncias, manter sigilo sobre a profissional, ser um espaço de escuta e indicar possíveis caminhos legais, por meio da nossa Assessoria Jurídica, do escritório Direito Social. O telefone/whats do SindJoRS é o (51) 3228-8146 e o e-mail é secretaria@jornalistas-rs.org.br. É preciso dar um “basta” à desigualdade de gênero e ao desrespeito.

 

Texto: Carla Seabra | Fotos: Raphael Seabra / diretoria SindJoRS

 

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