Uma das infâmias da nossa história certamente é o golpe militar de 1964, que não apenas suprimiu liberdades e censurou como torturou, matou e perseguiu opositores, entre eles vários jornalistas que tentavam cumprir sua função profissional. Neste 1º de abril não apenas completamos 58 anos de impunidade, apagamento da memória e nenhuma justiça aos mortos e desaparecidos do mais triste período que os brasileiros já viveram, como temos um governo que enaltece e faz apologia à ditadura — o oposto da democracia — persegue jornalistas e incita a violência contra profissionais que estão exercendo seu dever de ofício.
Ao mesmo tempo em que repudiamos a censura daqueles tão tortuosos anos, repelimos a censura agora, em plena democracia, quando é necessário reafirmar todos os dias os valores democráticos, a liberdade de expressão e do exercício da nossa profissão.
O preço que pagamos por não termos revisto a Lei da Anistia e nem punido os crimes de Estado contra valorosos cidadãos e cidadãs, que levaram ao limite de suas vidas a defesa da liberdade, é alto demais. Temos uma democracia com instituições fragilizadas e com o jornalismo colocado em xeque tanto quanto a verdade dos fatos.
Não esmorecemos em nossos princípios éticos, na luta contra o arbítrio e em defesa da democracia e da liberdade de ser e expressar. O Dia da Mentira no Brasil — 1º de abril — foi transformado em Dia da Infâmia naquele 1964, e nem todas as tentativas de driblar até mesmo a data do golpe resistem à verdade dos fatos. Os registros das capas de jornais do dia seguinte e a deposição de um presidente legítimo, e com aprovação popular, permanecem para se contrapor a mais essa notícia falsa.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS – Sindjors se coloca mais uma vez ao lado da verdade e ergue a voz por Memória, Verdade e Justiça. Nunca mais censura. Nunca mais ditadura. Nunca mais jornalistas perseguidos, torturados, desaparecidos e assassinados.
Texto e artes: Niara de Oliveira – Delegacia Regional Zona Sul (Pelotas) | Sindjors