O Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SindJoRS) lamenta o falecimento de Cinara Hack, na última terça-feira (07.95). A colega jornalista estava hospitalizada, há vários dias, no hospital Centenário de São Leopoldo, e morreu aos 78 anos. A profissional era natural de Rio Pardo, onde foram realizados os atos fúnebres, no crematório da cidade. Cinara trabalhou na Zero Hora, na TVE, no Correio do Povo e no Jornal O Sul. Atuou como assessora de Imprensa em secretarias do Estado e mudou-se para Tramandaí, no último ano. Ela deixou os filhos, Diego e Larissa Hack, e os netos, Bernardo e Clara.

 

A amiga Nelcira Nascimento disse, emocionada: “Cinara foi um dos meus grandes exemplos de amor à vida na maior parte do tempo. Ria muito, tinha sacadas de mulher além do tempo. Trabalhava muito e com paixão. Era muito estimada, mas tinha um círculo preferido que ela protegia como uma leoa. Cinara era um pouco desligada mas guardava o essencial. Era ágil nas campanhas e coberturas políticas,como repórter e excelente editora e produtora. Pra mim, contou histórias de vida, sua paixão pelo jornalismo, pela esgrima e pelos filhos. Só a vi chorar poucas vezes, de raiva, contrariada com alguma injustiça. Logo erguia a cabeça, abria o sorriso e ia à luta. Mulher linda, de olhos em que a gente se perdia, de tanto verde que mudava de cor para o mel. Tomava decisões rápidas, mas sabia pedir opinião. Ria tanto, a querida. E é este sorriso que vou levar no coração, embora a vida tenha nos separado. Agora, vida longa entre os anjos brincalhões. Vai em paz, Cinara”.

 

Já a jornalista Nubia Silveira, também amiga de Cinara, escreveu em suas redes sociais: “há momentos em que a vida nos presenteia com um conjunto de fatos felizes – emprego novo, amigos maravilhosos, festas em que brilhamos e conquistamos o amor de nossas vidas. Tudo é alegria. Em outros, não sei se para nos cobrar toda a felicidade que nos deu, a vida joga em nosso colo, ao mesmo tempo, males e dores, que nunca fizeram parte do nosso cardápio de pesadelos – doença de familiares queridos, cidade tomada pelo rio – que exige de volta a parte que lhe roubaram –, perda de amigo/amiga de muitos anos. Ontem (07.05), quando consegui religar o meu celular, a primeira mensagem que eu li foi a do Carlos Henrique Esquivel Bastos, informando sobre a morte de ‘Bor Cinbor’, a nossa querida amiga Cinara Hack. O impacto foi enorme. O pensamento que, automaticamente, me veio à mente foi ‘eu não mereço’; seguido de outro: ‘esta não é hora para a Cinara falecer’. A sua perda se soma à tristeza de ver uma das minhas irmãs hospitalizada, sofrendo fortes dores. E à ansiedade de estar numa cidade destruída por uma enchente que superou a de 1941. Como a maioria dos porto-alegrenses, estou vivendo sem luz, sem água e com medo de que a chuva volte, trazendo mais destruição. Cinara leva com ela uma parte enorme da minha vida. Aquela parte cheia de energia, fé no futuro, muita alegria, felicidade, descobertas, esperanças, dedicação profissional. Também de muita festa, cantoria e profunda amizade. Cinara sempre foi uma mulher linda, inteligente, divertida e tomada por uma loucura do bem. Nunca fez mal a ninguém. Sempre lutou pelo que acreditava e pelos amigos. Ex-esgrimista, chefiou, por um período, a editoria de Esportes Amadores da Folha da Manhã, a convite do Walter Galvani. Convidada por Nelson Matzenbacher Ferrão, o Mola, editou política, na estreia do jornal O Sul. Antes, havia trabalhado em Zero Hora”.

 

Núbia lembra que Cinara “era uma mulher impulsiva” e, também, que trabalhou em jornais, rádios e TV, fazendo parte da equipe capitaneada por Nestor Fedrizzi, que criou o Jornal de Santa Catarina, em Blumenau.
A foto que ilustra este post, Núbia recebeu de Mário Medaglia, que também integrou a equipe pioneira do JSC. “Cinara, linda, sorridente, está à esquerda. Um exemplo de jovem dos anos 1960/1970”, completa. E finaliza: “vou sentir falta de sua voz, me chamando de Crioula, o apelido que recebi dos nossos inesquecíveis amigos João Souza e Floriano Soares, o Florianinho”, jornalistas que já se foram (João Souza foi presidente do SindJoRS).

 

Foto: arquivo pessoal Mário Medaglia