Em razão da maior catástrofe climática que atingiu o Rio Grande do Sul, cujo boletim das 18 horas de hoje (09/05), da Defesa Civil RS, aponta um total de 107 óbitos, com um em investigação e 134 pessoas ainda desaparecidas, além de 754 feridas, o Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul – SindJoRS, ocupado com a situação de jornalistas que foram afetados e as condições de trabalho de quem está fazendo a cobertura, decidiu adiar a Assembleia Geral Extraordinária, que estava marcada para o próximo dia 11 de maio, sábado.

 

O Rio Grande do Sul vivencia a pior enchente da história, superando a de 1941, com o Guaíba atingindo o nível de 5,31cm no último domingo (05.05). Até agora, são 431 municípios afetados, mais de 68,5 mil pessoas em abrigos, mais de 327,1 mil desalojadas e quase 1,8 milhões afetadas. Às 17h de hoje (09.05) o Guaíba estava em 4,9 cm. Os níveis dos rios Gravataí, Jacuí, Caí, Sinos, Taquari, Uruguai e Lagoa dos Patos seguem altos. E a baixa – com a previsão de mais chuvas – ainda deve se dar ao longo das próximas semanas, de forma ainda lenta. As rodovias de entrada e saída da capital estão, em grande parte, bloqueadas. Somente a ERS-040 faz a ligação com a ERS-118, em direção ao litoral Norte. As demais liberadas são apenas para socorro e resgate.

 

Porto Alegre foi duramente atingida pelas águas. Problemas relatados por profissionais técnicos de alta credibilidade, como o ex-diretor geral do DEP (Departamento de Esgotos Pluviais) e ex-diretor geral do DMAE (Departamento Municipal de Águas e Esgoto), Augusto Renato Damiani, hidrólogo e mestre em Recursos Hídricos, mostraram a fragilidade do sistema de proteção para enchentes e a falta de manutenção ao longo da última década. Segundo o engenheiro, desde que foi extinto o DEP, não houve mais conservação das comportas do sistema de contenção de cheias no muro do Cais Mauá, que foram sendo sucateadas, nos últimos 10 anos, acontecendo o mesmo com as casas de bombas e tampas de bueiros no Quarto Distrito, que tinham até mesmo parafusos quebrados (entrevista na íntegra em rb.gy/6oq7dv). A consequência é dramática para o cidadão porto-alegrense. Bairros tradicionais como Menino Deus e Praia de Belas sucumbiram à força das águas e precisaram ser evacuados. Com a inundação no Centro Histórico, o SindJoRS precisou fechar as portas para o atendimento presencial e passou a operar virtualmente, como fez durante a pandemia da Covid-19.

 

Desde os primeiros dias dessa calamidade climática, o Sindicato buscou contato com o máximo possível de colegas, não apenas para saber da situação pessoal de cada um, mas, também, garantir condições seguras de trabalho àquelas e àqueles que estão envolvidos com a cobertura, para todo tipo de veículo ou plataforma. Começamos a receber relatos dramáticos, de jornalistas que perderam tudo dentro de suas casas, precisando ir para abrigos, outros precisando, inclusive, de resgate para sair das áreas alagadas ou de risco. Imediatamente, o SindJoRS, com apoio da Fenaj, passou a disponibilizar uma conta para arrecadar fundos e distribuir aos colegas afetados. A Campanha Jornalista Salva Jornalista tem a chave-pix: secretaria@jornalistasrs.org (ou depósitos em Caixa Econômica Federal Ag: 0428 Conta: 150176-5 – Operação: 003). Qualquer quantia é importante. Colegas que se encontram afetados pelas enchentes podem utilizar esse link  e preencher os dados para que a ajuda chegue em segurança, o mais rapidamente possível. A hora é de união e solidariedade.

 

Assembleia Geral Adiada

Foi adiada sine die a Assembleia Geral Extraordinária marcada para o dia 11 de maio próximo, conforme edital publicado nos jornais Correio do Povo e Zero Hora. A razão do cancelamento temporário é bastante óbvia, uma vez que todos os esforços, neste momento, devem estar voltados aos desabrigados, desalojados e que precisam de todo o apoio da sociedade. A assembleia tinha – e ainda terá – como pauta a Convenção Coletiva de Trabalho de Jornalistas 2024/2025. A diretoria segue trabalhando no conteúdo do documento, garantindo direitos já adquiridos, à categoria, e sugerindo o acréscimo de novos, que se fazem necessários, além das questões financeiras de reajustes e reposições. A assessoria jurídica do SindJoRS – Escritório Direito Social – já acionou os sindicatos patronais de Rádio e Televisão e de Jornais e Revistas e, em comum acordo, manteve-se a validade da CTT em vigor, por mais 90 dias e a data-base, em 1º de junho. Assim, todos ficam assegurados, em seus ambientes de trabalho, pela convenção vigente, com a garantia de aplicação retroativa à data-base. Assim que cidadãs e cidadãos do Rio Grande do Sul puderem retomar suas vidas e rotinas, com segurança, marcaremos nova data para a assembleia e avisaremos, em editais e em todas as nossas redes, com antecedência.

 

Texto: Carla Seabra/Diretoria SindJoRS