O jornalista, historiador, escritor e professor da PUCRS, Juremir Machado da Silva, comunicou que foi desligado na tarde desta segunda-feira (3) do Correio do Povo, jornal que pertence ao Grupo Record do bispo Edir Macedo, apoiador do governo Bolsonaro.

 

“Entrei no Correio do Povo em 1º de setembro de 2000. Hoje, fui demitido. O projeto de extrema direita bolsonarista não quer saber de pluralismo”, postou Juremir no Facebook.

 

“Fiquei mais de 21 anos lá, 14 anos escrevendo diariamente. Trabalhei com pessoas maravilhosas. O problema começou com a adesão ao bolsonarismo mais radical do comando atual”, postou no Twitter.

 

Ele assinava uma coluna diária de opinião, na página 2 do jornal, que vinha sendo uma das mais lidas na imprensa gaúcha. Muitos leitores costumam dizer que ainda são assinantes do Correio por causa do texto de Juremir, uma vez que o jornal implantou uma visão bolsonarista da conjuntura.

 

Em agosto de 2020, ele já havia sido desligado da Rádio Guaíba, também sob controle da Record, onde Juremir apresentava o programa Esfera Pública com a jornalista Taline Opptiz, que debatia assuntos políticos, econômicos e sociais, ouvindo todos os lados envolvidos.

 

“Minha queda na Guaíba começou quando me impediram de entrevistar Lula. Dez minutos antes de entrar no ar mandaram derrubar. Fiquei por temer que todo mundo fosse defenestrado”, explicou no Twitter. Seria a primeira entrevista do ex-presidente após deixar a prisão política em Curitiba.

 

Programa Esfera Pública da Rádio Guaíba. Foto: Assembleia Legislativa do RS.

 

“É um dia muito triste para quem luta pela democratização da comunicação. A coluna do Juremir era uma trincheira de resistência democrática na imprensa gaúcha, que é fechada pela linha bolsonarista da Record”, afirma o secretário de Comunicação da CUT-RS. “Perdem os leitores, perde o Jornalismo, perde a democracia”, aponta.

 

“Temos que fortalecer a mídia alternativa e independente, e combater a desinformação, as fake news e a manipulação da mídia tradicional, sobretudo neste ano de eleições, que decidirão o futuro de nossas vidas, do Brasil e da América Latina”, salienta Ademir.

 

Juremir com bancários, em debate ocorrido em Caxias do Sul. Foto: Sindicato dos Bancários

 

Trajetória vitoriosa

A trajetória vitoriosa de Juremir foi reconhecida pela Asssembleia Legislativa do RS, que em junho de 2019 entregou-lhe a Medalha do Mérito Farroupilha, a mais alta honraria oferecida pelo parlamento gaúcho, por indicação do deputado Jeferson Fernandes (PT).

 

Em setembro de 2008, ele já havia recebido o título de Cidadão de Porto Alegre, concedido pela Câmara Municipal, por proposição do vereador Cláudio Sebenelo (PSDB). Em agosto de 2019 foi homenageado também com o Diploma de Honra ao Mérito da Câmara Municipal, entregue pelo vereador Engenheiro Comassetto (PT).

 

Também ganhou outros prêmios de diversas instituições como sinal de valorização pelo seu trabalho no mundo da comunicação.

 

Juremir é ainda autor de dezenas de livros, tais como “Getúlio”, “Vozes da Legalidade – Política e imaginário na Era do Rádio”, “Jango: A Vida e A Morte No Exílio” e “1964 – Golpe midiático-civil-militar”. Fez também a tradução de vários livros.

 

Juremir homenageado na Câmara Municipal de Porto Alegre: Foto: CMPA

 

Foto de abertura: Reprodução – Fonte: CUT-RS