Há três dias do início do novo ano, já recebemos a informação de agressão à equipe da RDC TV em pleno exercício profissional, no centro de Porto Alegre, por manifestantes contrários ao resultado das eleições. A reportagem registrava o momento em que as vias ao lado do Comando Militar do Sul eram desobstruídas, quando uma pessoa se aproximou, questionando se a equipe tinha autorização para gravar imagens.

 

Sem precisar de qualquer tipo de liberação para realizar o trabalho jornalístico em via pública, os repórteres ainda tentaram argumentar, mas um dos manifestantes não aceitou os argumentos e agrediu o repórter cinematográfico Jocemar Silva. A equipe solicitou o apoio da Brigada Militar, e foi atendida pelo 9º BPM, inclusive com a presença de seu comandante, Tenente-Coronel Schimdt.

 

Acompanhados pelos policiais militares, os profissionais foram à 1ª Delegacia de Polícia onde apresentaram todas as imagens, inclusive do criminoso, que segundo informações, é vereador de Nova Santa Rita. De acordo com o monitoramento feito pela FENAJ, em parceria com a Abraji, de 30/10/22 a 01/01/23 já foram registrados 70 casos de agressão física, ofensas, assédio digital, entre outras modalidades de ataques a jornalistas. A maioria deles partiu dos grupos antidemocráticos que, mesmo depois da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda não se retiraram do entorno de quartéis do Exército. Dos 70 ataques, 65 ocorreram na cobertura dos acampamentos e bloqueios de rodovias, que foram considerados ilegais e golpistas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Acabamos o ano de 2022 com denúncias de assédio moral contra colegas da Rádio Guaíba e violência nas coberturas jornalísticas das manifestações contrárias ao resultado eleitoral. As entidades sindicais, que já tinham solicitado maior segurança ao exercício do trabalho dos profissionais, receberam do gabinete do então governador do Estado, Ranolfo Vieira Junior, no dia 3 de novembro, a garantia de que policiais militares estariam acompanhando os trabalhos de cobertura jornalística nos atos antidemocráticos contra o resultado das eleições presidenciais.

 

O ex-governador disse, ainda, que, ao tomar conhecimento dos graves fatos dos quais foram vítimas equipes de veículos de comunicação, nos últimos dias, determinou “providências imediatas com a identificação das autorias e consequente responsabilização na forma legal”. Ele destacou, também, não admitir nenhum ato de violência ou quebra da ordem ou dos princípios democráticos.

 

Salientamos que é muito importante a comunicação deste tipo de violência para criarmos mecanismos legais de mapeamento destas ações para coibir definitivamente este tipo de prática. É inadmissível a tentativa de cercear o trabalho das e dos colegas da imprensa e muito menos a liberdade de expressão para noticiar a verdade em um claro atentado contra a democracia conquistada pelo voto nas urnas.

 

O Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul – SindJoRS, a Federação Nacional de Jornalistas – Fenaj, a Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado – Arfoc/RS, o Sindicato dos Radialistas do Rio Grande do Sul e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas de Porto Alegre – STIGPOA repudiam veementemente o fato de que profissionais da comunicação, da RDC TV, foram agredidos e que tiveram o seu equipamento danificado no terceiro dia do ano de 2023 e, também, prestam sua solidariedade a estes colegas.

 

Assinam:

Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul – SindJoRS

Federação Nacional de Jornalistas – Fenaj

Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado – Arfoc/RS

Sindicato dos Radialistas do Rio Grande do Sul

Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas de Porto Alegre – STIGPOA

 

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Relatório 2021 – Violência contra jornalistas e liberdade de imprensa no Brasil