Não há dúvidas de que 2020 foi um ano exigente. Quem não lembrou do álbum de Raul Seixas, de 1977, “o dia em que a terra parou”? Pois a pandemia Covid-19 fez isto, logo ao terceiro mês do ano, levando o planeta ao distanciamento social, lockdown, isolamento de idosos, comércio fechado, trabalho remoto, escolas sem alunos, aulas virtuais e toda sorte de protocolos para evitar um colapso na saúde. O SUS – Sistema Único de Saúde – mostrou sua importância decisiva no atendimento à população, os profissionais da saúde estiveram no pelotão de frente no combate à doença e o jornalismo foi considerado serviço essencial, por decreto, com direito a registro no Diário Oficial da União, em 22 de março. Mas foi duramente atacado e agredido.

 

Com os protocolos determinados pelo Estado, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS (Sindjors) fechou as portas para atendimento presencial, mas logo encontrou as ferramentas necessárias para seguir o trabalho de defesa dos direitos da categoria, atuando de forma remota e atendendo as diferentes demandas que se apresentaram à direção. Uma das primeiras ações da diretoria, liderada pela presidenta Vera Daisy Barcellos, foi a assinatura do Acordo Coletivo 2020/2021 (garantindo a reposição do INPC e a manutenção dos direitos já adquiridos em acordos anteriores) e o Acordo Emergencial Covid-19, buscando garantir trabalho e emprego para os jornalistas, além da exigência de cuidados com a saúde dos profissionais que ainda se mantinham nas redações e nas ruas. Ficou determinado que as empresas deveriam comunicar ao sindicato todos os acordos firmados com empregados, durante a pandemia. O Sindjors, a partir de então, passou a acompanhar as cláusulas assecuratórias da saúde da categoria, tais como fornecimento de álcool em gel e máscaras, garantia de ambiente arejado e higienizado e a legalidade e validade dos acordos.

 

Oficinas e Cursos

Com o advento das “lives”, as plataformas virtuais vieram agregar no planejamento de ações e foi intensa a procura do Sindjors, como fonte de informação, para falar sobre diferentes temas com universidades e entidades  de fora do Estado. Especialmente bem vinda foi a reaproximação com faculdades de comunicação da capital e do interior. Com as plataformas, também foi possível realizar cursos, como as quatro edições do Curso de Edição Audiovisual com Adobe Premiere Pró CC 2018, história, teoria e prática, ministradas pelo professor Hopi Chapman, diretor holandês, fotógrafo, montador e mestre em cinema e tv pela Universidade de Amsterdam. Também aconteceram as oficinas: Aspectos Jurídicos da Violência contra as Mulheres, ministrada pelo escritório Soraia Mendes, Marcus Santiago & Advogadas Associadas, com inscrições gratuitas; em parceria com Mônica Cabañas, doutoranda em Psicologia Ericksonian, escritora e ecologista, foi realizada a Oficina Para Apoiar os Jornalistas a Enfrentar Crises, Combate ao Estresse e Contingências; e o encontro Lentes Femininas – os olhares que podem transformar o mundo, uma experimentação em fotografia digital foi preparado pelos colegas fotojornalistas, Jorge Leão e Claudio Fachel, que integram o Núcleo de Imagem do sindicato, numa parceria com o Núcleo de Gênero e Diversidade.

 

Ataques à imprensa

Durante este ano, que mais pareceu um roteiro de ficção científica, o Sindjors se fez presente para repudiar demissões que aconteceram em diversos veículos de comunicação da capital e do interior do Estado e do fechamento de pequenos e médios empreendimentos que não sobreviveram à crise. Repudiou também os 299 ataques do presidente Jair Bolsonaro à imprensa, em apenas nove meses, e a violência contra jornalistas, que se tornou legítima no imaginário dos eleitores do mandatário do país.  O Sindjors também lamentou, em 2020, as mortes de jornalistas que deixaram legados importantes à imprensa gaúcha, como Fernando Vieira, Celestino Valenzuela, Fernando Cóssio Martins, Vinícius Zorzanello, Edegar Schmidt, Renan Antunes de Oliveira, José Carlos Bühler, Mariana Kalil e Eunice Flores.

 

O Sindjors se fez presente na Comissão de Mulheres da FENAJ, recomposta neste ano, com a participação de representantes de 19 Sindicatos de Jornalistas, com a diretora Katia Marko. A entidade também preside o COMDIM – Conselho Municipal dos Direitos da Mulher – representada pela diretora Márcia Fernanda Martins. Ainda em relação à mulher, foi assinado convênio de atendimento às mulheres jornalistas vítimas de violência doméstica, com o escritório jurídico Soraia Mendes & Advogadas Associadas. Já por meio do Núcleo de Jornalistas Afro-brasileiros, a entidade acompanhou e se posicionou em situações de discriminação, como na morte do autônomo João Alberto Silveira Freitas, no estacionamento do Carrefour, na zona norte da capital; e no lançamento da nota “Sindjors na luta diária pela igualdade racial no mercado de trabalho”, no Dia Nacional da Consciência Negra. Outra participação importante do sindicato, a partir deste ano, se fez no Conselho Estadual de Cultura, com a suplência da diretora Jeanice Dias Ramos, que também representa o Sindjors na Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial – Conajira.

 

Interiorização

O Projeto Interiorização do Sindjors, parte importante do planejamento desta diretoria, deu início ao Sarau de Ideias, que são encontros virtuais, utilizando a plataforma Google Meeting, para troca de impressões sobre a profissão de jornalista. Fortalecendo ainda mais a representatividade do sindicato no interior do Estado, a eleição de delegados sindicais, além dos colegas da capital, agregou representantes nas cidades de Pelotas e de Rio Grande.

 

O Sindjors também se fez presente na luta junto aos jornalistas que atuam na CEEE, na negociação coletiva 2021/2022, na negociação com a CORSAN e segue, junto com o Sindicato dos Radialistas, cobrando do Estado que cumpra acordo firmado com os dois sindicatos, diante do Tribunal Regional do Trabalho, que impede qualquer demissão de trabalhadores da TVE e FM Cultura, antes do trânsito em julgado das ações, além da garantia do Governo do Estado de que não pretende extinguir as emissoras.

 

Convênios

Recentemente, a entidade acertou convênio com a Faculdade Internacional Signorelli (ID Gestão Educacional), que trabalha exclusivamente com cursos de Pós Graduação e MBA. Ele vem se somar a outros tantos nas áreas da educação, saúde, serviços, legislação, lazer. Um trabalho intenso com um único foco: o jornalista. Um exemplo foi a vitória na Ação Coletiva do Terço de Férias, onde os jornalistas receberam ressarcimento dos valores descontados erroneamente pelo Governo Federal. Porém, para manter o sindicato ativo, com as contas em dia, para estas ações, é importante que os profissionais percebam a importância da filiação e da contribuição, por meio da Cota de Solidariedade, acordada anualmente em assembleia da categoria. Muitos colegas ainda fazem oposição à cota. Por isso, e sabedora de que a pandemia afetou a renda de muitos colegas, a diretoria mantém o convite a quem deseja contribuir com um valor dentro das possibilidades do orçamento de cada um.

 

E o inimaginável ano de 2020 chega ao fim com a eleição de novos prefeitos e legisladores municipais. A cada candidato nas 20 principais cidades do interior e ao da capital, o Sindjors entregou uma carta reivindicando a garantia e o compromisso de seguir, no exercício do mandato, a pauta apresentada pelos jornalistas, que tem, como objetivo, oferecer reflexões sobre Comunicação Pública e Democrática. 2021 vem aí e a expectativa primeira é quanto à vacina contra a Covid-19. O sindicato, por sua vez, promete muita ação, muita luta, muita determinação para fortalecer o Sindjors e ampliar o número de filiados, a fim de enfrentar as dificuldades que devem vir na reconstrução da economia e da sociedade. Nossa entidade representa todos os jornalistas, sem exceção, com respeito à individualidade de cada um, e assim pretende seguir e se tornar mais forte e combativo. Um feliz 2021 para todos nós!

 

Diretoria Sindjors – Texto: Carla Seabra