Com a percepção de que as denúncias contra as violências sofridas pelas mulheres não podem ficar restritas apenas à data do Dia Internacional das Mulheres, as entidades dos radialistas, gráficos e dos jornalistas realizarão na terça-feira, 15, às 19 horas, o seminário Sindicatos no enfrentamento à violência contra a mulher. O evento aberto aos diferentes públicos será virtual, via plataforma StreamYard, com transmissão simultânea pelo Facebook e YouTube dos sindicatos envolvidos na organização.
O seminário reunirá as jornalistas Telia Negrão e Niara de Oliveira; a advogada Monalisa Campelo e a assistente social Elisângela Martins da Rosa Silveira. Um grupo com ampla experiência e militância no movimento feminista e, igualmente, no enfrentamento à violência contra as mulheres. A mesa de abertura terá a participação dos presidentes Antonio Ricardo Malheiros, Sindicato dos Radialistas; Francisco Lázaro Peixoto da Silva, Sindicato dos Gráficos do RS e Vera Daisy Barcellos Costa, Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS. A mediadora do evento será a diretora do Sindjors Katia Marko, editora do jornal Brasil de Fato/RS e integrante do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher – Comdim/POA.
Quem são as convidadas
Telia Negrão – jornalista (UFPR) e Mestra em Ciência Política (UFRGS) e Especialista em Gestão Pública Participativa (Uergs). Integra o grupo nacional do Levante Feminista Contra o Feminicídio e a Frente Parlamentar Feminista e Antirracista com Participação Popular da Câmara dos Deputados. Fundadora do Coletivo Feminino Plural, foi relatora das Nações Unidas sobre a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação à Mulher. Integra a Rede de Saúde das Mulheres Latinoamericanas e do Caribe. Recebeu em 2010 o Prêmio Nacional de Direitos Humanos pela Coordenação da Campanha Ponto Final na Violência Contra Mulheres e Meninas (Oxfam).
Niara de Oliveira – jornalista, feminista e delegada regional do Sindjors, com base em Pelotas, atua no movimento nacional do Levante Feminista Contra o Feminicídio. É autora do livro “Histórias de morte matada contadas feito morte morrida – A narrativa de feminicídios na imprensa brasileira”, escrita compartilhada com Vanessa Rodrigues, também jornalista. Niara vai falar sobre como o Jornalismo aborda e relata a violência contra as mulheres e, em especial, o feminicídio.
Monalisa Campelo – feminista, militante independente, advogada, Pós-graduanda em Direito Público Aplicado, participou do movimento estudantil secundarista do Ceará, seu estado natal, integrou o movimento estudantil universitário no Rio Grande do Sul, e sempre esteve ao lado da resistência nos locais onde trabalhou. Foi bolsista/pesquisadora na universidade, trabalhando nas temáticas de Direitos Humanos, Democracia, Constitucionalismo e Filosofia do Direito. Lecionou no programa “Jovens aprendizes” as disciplinas de Direitos Humanos, legislação trabalhista e direito constitucional.
Elisângela Martins da Rosa Silveira – graduada em Serviço Social pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA/2004), especialista em Gestão na Economia Social (PUCRS/2009), especialista em Educação Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade de Educação Jovens e Adultos (UFRGS/2009), Mestranda em Políticas Sociais e Serviço Social (UFRGS). Tem experiência na área do Serviço Social, Políticas Públicas, Gestão no Terceiro Setor, Projetos Sociais, Violência Doméstica. Atua como docente na Verbo Jurídico Educacional/RS e FioTec/FioCruz(RJ-RS). Atualmente, é Educadora Popular pela Rede de Promotores Populares RS e Técnica Social no CREAS Partenon/Rede Calabria/RS.
Motivações para o seminário e os números das violências
A motivação para realizar esta atividade está nos assustadores índices de violência contra as mulheres e em especial as jornalistas. Segundo dados do monitoramento realizado, recentemente, pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo – Abraji – apoiado pela Federação Nacional de Jornalistas e financiado pela Unesco, as jornalistas foram os principais alvos dos inúmeros casos de violências de gênero. A pesquisa – Violência de gênero contra jornalistas – aponta que foram registrados 119 casos de violência de gênero (cis e trans) e algumas foram agredidas mais de uma vez.
Para além das agressões sofridas pelas profissionais do campo da Comunicação, os múltiplos indicadores das violências contra mulheres registraram que, em 2021, “mais de 17 milhões de mulheres sofreram algum tipo de violência no país, sendo que as mais atingidas foram as mulheres negras” (Fonte: Fundo Brasil). Os estudos também apontam que a agressão física é a forma de violência mais conhecida, mas não é a única, porque as mulheres também sofrem violência sexual, psicológica e violência patrimonial.
A violência virtual é destacada no estudo feito pela Abraji. O monitoramento revela que 71,4% dos insultos “tiveram origem ou foram repercutidos em ambientes virtuais, como a rede social Twitter. Os principais agressores identificáveis foram homens, correspondendo a 95% dos abusos dentro e fora da internet. Um outro destaque do relatório que se valeu do monitoramento das redes sociais sociais “como propagadoras de agressões a profissionais de imprensa e registrou 57 ataques sistemáticos envolvendo usuários. A análise da Abraji, também, constatou que 59,9% dos casos de discursos estigmatizantes foram iniciados em publicações de autoridades de Estado e de outras figuras proeminentes no campo político brasileiro”.
Já em outra pesquisa, desta vez, feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgada na véspera do Dia Internacional da Mulher, apontou que o número de estupros contra mulheres aumentou 3,7% em 2021 em relação a 2020. De acordo com os dados do Fórum foram 56.098 casos no ano passado, ou um crime a cada dez minutos. Em relação aos feminicídios, os registros caíram 2,4%, mas o país segue com o índice alarmante de um assassinato motivado pela condição feminina a cada sete horas.
Texto: Vera Daisy Barcellos/Presidenta Sindjors