De 10 a 21 de novembro, o mundo deverá estar com os olhos voltados para Belém, onde ocorrerá a COP 30, conferência que vai mostrar quem realmente está preocupado com as mudanças climáticas e com vontade política de aprovar medidas para a mitigação e enfrentamento dos eventos extremos. A tragédia climática ocorrida no Rio Grande do Sul, pela sua amplitude, foi considerada o maior acontecimento dessa natureza no mundo. Isso alertou a todos e principalmente a imprensa que fez uma grande cobertura. A COP 30 vai mostrar quem é quem e desnudar os discursos do capitalismo verde, economia verde, ESG, do desenvolvimento sustentável e suas variações para dourar a pílula, além dos negacionistas que estão entre nós.
E o Jornalismo deve estar lá para mostrar para a sociedade o que acontecerá, denunciando as articulações para que tudo continue como está, porque quem decide não está nos grupos fragilizados, como os povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas e demais comunidades rurais e urbanas que representam aqueles que pouco são ouvidos. Lamentavelmente os cientistas também representam uma categoria dos que não são ouvidos quando se trata de explorar petróleo na Foz do Amazonas, liberar usinas a carvão, construir estradas ou hidrovias, ou minerar sem levar em consideração o que dizem as comunidades atingidas. Essas sofrem os efeitos da poluição, das invasões em suas terras, das doenças, das queimadas utilizadas como arma para a liberação total. A morte das florestas e campos nativos representa também a morte de toda sociobiodiversidade que vive nesses locais, além de contribuir para acirrar as mudanças climáticas.
Nós jornalistas devemos estar atentos a esse grande momento, em especial à Aldeia da COP, localizada na Universidade Federal do Pará e que abrigará mais de 3mil indígenas de várias etnias de diversas partes do mundo. O projeto da universidade visa integrar os participantes aos debates que estão na pauta do evento e colocar a justiça climática no centro das decisões. Este suplemento que comemora os 83 anos do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande mostra que estamos juntos para construir uma vida sustentável. Nossa profissão tem muita responsabilidade para contribuir com a mudança do pensamento dando visibilidade aos temas que colocam a vida em risco. A ética do cuidado nos ajuda a construir mundos melhores para todos os seres.
Texto: Ilza Maria Tourinho Girardi. Jornalista, integrante do Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul/Professora no Programa de Pós-Graduação em Comunicação/UFRGS e representante da Comissão Estadual de Ética do Sindicato de Jornalistas Profissionais do RS (SindJoRS)
Fotos: Divulgação site oficial COP30




